Beirais do Areeiro sôbre a P.e Manuel da Nóbrega, Lisboa, c.1957-58.
Horácio Novais, in bibliotheca d' Arte da F.C.G.
… Ao drama de palhacitos…
Apagada e vil tristeza!
Theatro Circo, Braga, 195…
Artur Pastor, in archivo photographico da C.M.L.
Eu vi, discorri, legendei, publiquei. Colori pela tardinha o original de Eduardo Portugal, revi o que publicara e dei nota dêle. Alguém gostou tanto, tanto da fototipia animada, que nem leu além da legenda (que reformulou, Deus lhe valha!); tomou-a logo ali e escarrapachou-a sem mais referência como achado seu e como se fôra ela o original do archivo photographico. Teve duas centenas de aprovações, dois pares comentàriosinhos, e quási três dúzias de republicações. Tal o proveito do gadanho em seara alheia. Tal a república dos fuções.
A tarantela de há pedaço, cometida no Natal de 1670 ao sacerdote maestro da capela do reino de Nápoles, Cristóvão Caresana, aqui em versão mais solene, mais de acôrdo, digamos. O benévolo leitor que aprecie veja qual prefere. Eu não sei escolher, daí pôr ambas.
Feliz Natal!
Feliz Natal!
Cristóvão Caresana, Tarantella a 5 vozes com violinos, pelo nascimento do Verbo, 1670.
Scarlati Lab. \ Barroco:
Frederica Pagliuca, Olga Cafiero (sopranos); Daniela Salvo (meio-soprano); Leopoldo Punziano. (tenor); Carlos Feola (baixo).
António Florio e Dinko Fabris (dir. artística).
.
Alle selve, alle valli, alle grotte Alle rupi, alle tane, alle selve Alle selve, alle valli, alle grotte Tarantola d'abisso, empio serpente Viva, viva l'eternità. Tarantola ch'in cielo il nido avesti A superbia così va! Tarantola ribelle, fulminata Si raddoppino a te le catene chi pugna col cielo mai vincerà! Or che al bosco fiorisce ogni pianta Alle selve, alle valli, alle grotte, Alle balze, alle sponde, ai ruscelli Ai campi, alla riviera, Alle selve, alle valli, alle grotte, |
Aos bosques, aos vales, às moitas Às arribas, às tocas, aos bosques Aos bosques, aos vales, às moitas Tarântula dos abismos, ímpia serpente Viva, viva a eternidade. Tarântula que no céu teu ninho fizeste A soberba é assim que dá! Tarântula rebelde, fulminada, Rebentam-se-te as correntes Quem combate o Céu jamais vencerá! Agora que no bosque floresce cada planta Aos bosques, aos vales, às moitas Às arribas, às margens, aos riachos Pelos campos, pelas ribeiras, Aos bosques, aos vales, às moitas
|
Tarantela pelo nascimento do Menino cuja composição foi cometida no Natal de 1670 ao sacerdote maestro da capela do reino de Nápoles, Cristóvão Caresana.
Cristóvão Caresana, Tarantela
Cristina Pluhar, a Harpista (direcção), in «Alla Napoletana», Warner/Erato, 2021.
Adoração dos Reis Jan Gossart, 1510-15 — Óleo sobre tábua, 177 x 162 cm
|
Aos benévolos leitores que
~~~~~ * * * ~~~~~ FELIZ NATAL ~~~~~ * * * ~~~~~
|
G. F. Haendel, «Ariodante (extr.) — Scherza, Infida» (Act. II, Cen. 3)
Léa Desandre (mezzosoprano). Les Arts Florissants; Guilherme Christie (maestrro).
Ao vivo na grande sala Pierre Boulez da Filarmonia de Paris.
— Que depressa seja tudo junto, entendo; de pressa será decerto mais devagar, com aquela separação das palavras. Porém devagar, como não é tão de pressa e é, de certo, mais de vagar, não poderia já sêr êle separado?
— Certamente!…
— Já decerto tenho por certo que seja ao certo como de certo.
— É o caso.
— Ou, será que tudo isto é como tudo junto sêr separado e separado sêr tudo junto?
O actor Eduardo Brazão, «Barbeiro de Si mesmo», ante 1911.
Postal n/ circ. da Pap. e Typ. Paulo Guedes & Saraiva, Lisboa, in archivo photographico da C.M.L.
Pro-Matre e não Pro-Mater. Alguém publicou daqui para o livro das fuças e outro alguém o lá comentou a corrigir o nome. Faz sentido. O nome é do latim (= pró-mãe, em favor da mãe). Pro é preposição latina que rege ablativo e o ablativo de mater é matre. Êrro de palmatória de que me avergonho tão tarde como me dei conta (13/XII/22).
Maternidade Pro-Matre, Av. da República, 18 — Lisboa, 1966.
Artur Goulart, in archivo photographico da C.M.L.
No meio do céu a desabar que anunciavam para hoje até às seis no noticiário da uma da tarde trovejou o Moedas da C.M.L. naquela sua vòzinha de 1 cêntimo que (cito de cór) «a imprevisibilidade das condições climatéricas é uma realidade» e, aconselhava tôdos na grande Lisboa a abrigarem-se na sua toca e absterem-se de ir trabalhar. Por causa das «condições climatéricas adversas», ou «extremas», que é como chamam agora ao mau tempo. Já antes vi no jornal que dissera o Moedas com tôda autoridade de manda-chuva que lhe vejo reconhecida sôbre meteorologia, clima, o tempo que faz àmanhã, ou a terminação da lotaria popular, que «a chuva faz parte das mudanças climáticas». As olheiradas também, digo eu.
Dantes havia mau tempo, chuva, frio, às vezes trovoada — trivial invernia. — Agora há Moe(r)das assim.
Numa coisa se descaiu, porém: no imprevisto do tempo, coisa que os climalabaristas do circo climático não prevêem que entendamos.
O céu de Lisboa há momentos.
(Ajeitado agora ao depois, mais para a noite.)
G. F. Haendel, «Ariodante — Scherza, Infida»
Filipe Jaroussky (contratenor); Concert D'Astrée, Emanuelle Haïm (maestro)
Fotografia — Henrique Kerstens
É reconfortante vêr o que escrevi e publiquei há uma dúzia de anos continuar a suscitar interêsse. Entristece porém, que quem tanto apreciou e tornou a publicar seja indigente ao ponto de fazer passar «ipsis verbis» por sua a reflexão que me inspirou, a mim, a fotografia de H. Novais quando a descobri em 2010. Nem uma referência à fonte!
Enfim! É o que temos…
Azinhaga do Ribatejo, Portugal, [s.d.]
Horácio Novais, in bibliotheca d' Arte da F.C.G.
Vista do campanário da igreja matriz.
A tia Mariana conta que lhe ainda lá falta a cruz, duma avioneta que lhe embateu e se despenhou. Casava a prima dum aviador da Ota. Veio êle e um camarada voando um aparelho, a deitar flôres sôbre os noivos e deu-se o desastre. Isto conta a tia Mariana. Fôi em 1940.
Achei outro curiosíssimo relato oral do caso no blogo da Azinhaga. Treslado-o para aqui.
A vinte e quatro de Abril
Um grande desastre se deu
Fôi na Torre da Azinhaga
Que um aparelho bateuFôi na aviação da Ota
Num aparelho de Tancos
Que subiu Fernando Gomes
E José Miranda de CamposOh! Maldita fôi a hora
Que pensaram em voar
Deram-lhe trinta minutos
Para a morte vir buscarAndou na Quinta dos Álamos
No aparelho baixinho
Deitou saüdades ao pai
E também ao seu padrinhoAo pé da Quinta da Brôa
O aparelho baixaram
A pegar com as raparigas
Perto delas acabaramÊle vinha tão baixinho
Que até fazia impressão
A dizer adeus ao povo
Dentro da povoaçãoJá vinha perto do perigo
Ainda fôi para levantar
Bateram rapidamente
Não se puderam salvarQue choque tão violento
Até as colunas quebrou
A bandeira e a cruz
Tudo espalhado ficouO aparelho espalhado
Até metia pavor
Bocados para cada lado
Na Azinhaga fôi um horrorEram quatro menos dez
Quando na Tôrre bateu
Por causa do casamento
É que o desastre se deuA prima escreveu ao Fernando
Uma carta para o convidar
Só se lá for de aparelho
Não te posso acompanharFôi um desastre horroroso
Só pode dizer quem viu
Distante da Tôrre a cem metros
O aparelho caíuMaria Eliza de Sousa
Um grande susto apanhou
Ia o aparelho a arder
O cabelo lhe crestouFoi um povo levantado
Só se ouviam ais e gritos
Em vêr ir em chamas
Dois corações aflitosTodo o povo correu
Para o aparelho apagar
Deitaram água e terra
Não os puderam salvarJosé Miranda e Fernando
Onde vieram passear
Vinham com tanta alegria
Para tanta tristeza darPara a família dos rapazes
Foi um desgôsto profundo
A vinte e quatro de Abril
A darem a despedida ao mundoGenerosa de Jesus, Azinhaga, 2 de Maio de 1940.
«Desastre de Azinhaga», in Azinhaga; a Aldeia Mais Portuguesa do Ribatejo, 15/IV/14.
João Sebastião Bach — Cantata «Wir müssen durch viel Trübsal» (Sinfonia), BWV 146
Raphaël Pichon, Orquestra Pygmalion.
Em dias pardacentos de Inverno, assim como está (hoje nem é dos peores), mas também em dias soalheiros, de Inverno ou doutra estação mais quente, muito tenho publicado eu de Artur Pastor; a falar eu disto ou daquilo, mas, cujo valor por inteiro daquilo que aqui vai publicado são as chapas de Artur Pastor. Serão à roda de 140-150.
Há-as do tempo da pesca, do tempo do moliço; do da Tinturaria do Chile, d' A Confidente, da Farinha 33, do autocarro 47 (o original), do Tutti Mundi drugstore — que parece é agora mais uma mercearia do merceeiro-mór, antes de, certamente, passar a ser um lugar da fruta de bengális… (Êste à parte pode não parecer já sôbre Artur Pastor, mas bem que o país de contrastes retratado por Artur Pastor é muito menos um contraste em si se comparado com essa espécie de Portugal que resta por aí agora.) — E há do mar português que sobra, aos campos de Portugal que foram ou, de simples esquinas que já não são, de meros recantos que também não lembram, de carroça, de burro, à nora…
E ao depois há agora um álbum com 264 fotografias pelo centenário de Artur Pastor de que tive conhecimento, cujo editor lhe parece haver tomado primeiro conhecimento do formidável legado fotográfico de Artur Pastor, aqui, nêste blogo. Gentileza dêle, de certo. Ainda não tive o gôsto de folhear o álbum. Fui de fugida por êle à biblioteca de S. Lázaro, mas não no tẽem. Sem tempo, já não desci ao archivo photographico da Câmara. Quando o faça direi mais.
Artur Pastor; Portugal País de Contrastes, Majericon/C.M.L., 2022.
Adamastor (O)
Apartado 53
Bic Cristal
Blog[o] de Cheiros
Carmo e a Trindade (O)
Chove
Cidade Surpreendente (A)
Corta-Fitas(pub)
Dragoscópio
Eléctricos
Espectador Portuguez (O)
Estado Sentido
Eternas Saudades do Futuro
Fadocravo
Firefox contra o Acordo Ortográfico
Fugas do meu tinteiro
H Gasolim Ultramarino
Ilustração Portuguesa
Kruzes Kanhoto
Lisboa
Lisboa Actual
Lisboa de Antigamente (pub)
Lisboa Desaparecida
Menina Marota
Meu Bazar de Ideias
Paixão por Lisboa
Pena e Espada(pub)
Perspectivas(pub)
Planeta dos Macacos (O)
Pombalinho
Porta da Loja
Porto e não só (Do)
Portugal em Postais Antigos(pub)
Retalhos de Bem-Fica
Restos de Colecção
Rio das Maçãs(pub)
Ruas de Lisboa com Alguma História
Ruinarte(pub)
Santa Nostalgia
Terra das Vacas (Na)
Tradicionalista (O)
Ultramar
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.