Martim Moniz e Rua da Palma com luz da manhã, Mouraria, c. 1951.
Judah Benoliel, in archivo photographico da C.M.L.
Obra de colocação da estátua de Neptuno, Estefânia, 15/VIII/1950.
Judah Benoliel, in archivo photographico da da C.M.L.
Se a data desta no archivo está certa, o dia de N.ª Sr.ª de Agôsto de 1950 não foi feriado. Assim, lá corriam ao centro do Largo de D.ª Estefânia os trabalhos para a pôr o Neptuno do Chile. O Diario de Lisbôa só deu notícia do caso em 24, mas ilustrou os primeiros trabalhos para a colocação da estátua na Estefânia pouco mais ou menos como os vemos aqui semana e meia antes.
Quando contei da mudança da estátua do Chile para a Estefânia aventei que até receber a estátua de Neptuno se achava o dito Largo de D.ª Estefânia vazio ao centro, sendo como um mero cruzamento ou entroncamento de ruas e que foi o tanque redondo que acabou por fazer dêle uma rotunda. Na fotografia do recorte de jornal não se percebia, mas nesta agora bem parece que assim devia ser, porquanto os trilhos do eléctrico que desciam do Arco do Cego seguiam em linha recta através do largo vazio, a prosseguir no trôço seguinte da Rua de D.ª Estefânia.
Mera curiosidade sem importância, daquelas que nos nunca nem ocorrem, mas que, empreendendo ao depois agora nela, me suscita o seguinte: aquela linha descendente do Arco do Cego seguia direitinha para o Largo de Gomes Freire, mas não se vê linha ascendente vinda de lá…
A fotografia seguinte enquadra já a linha da Pascoal de Melo tornejando para a Rua de D.ª Estefânia no sentido do Arco do Cego. Seria esta a linha ascendente, vinda da Almirante Reis por Santa Bárbara e pela Passos Manuel o, digamos, par da outra que descia pela Gomes Freire e São Lázaro até que se encontrassem na Rua da Palma?
Se era assim, era um par de vias opostas muito desencontradas.
Se foi realmente assim o caso como o ponho aqui, pouco depois, em 51, já o êle era como sempre conheci, com ambos os sentidos dos eléctricos de e para o Arco do Cego pela Pascoal de Melo, Passos Manuel e Santa Bárbara.
Obra de colocação da estátua de Neptuno, Estefânia, 2/IX/1950.
Judah Benoliel, in archivo photographico da C.M.L.
* * *
Largo de D.ª Estefânia, Lisboa, [1951].
Firmino Marques da Costa, in archivo photographico da da C.M.L.
Pr. dos Restauradores, Lisboa, 1943.
Mário Novais, in bibliotheca d' Arte da F.C.G.
A comédia Todas eram Belas, de Irving Cummings, com Bob Hope e Vera Zorina, estreou-se em Portugal em 18 de Junho de 43.
Há muitos anos — alguns 18 talvez — quando topei com a primeira imagem em baixo no archivo fiquei, assim, a olhar… A olhar para ela…
Fotografia aérea de Lisboa era o título. Ainda é como lá diz.
Local/morada: cidade, Lisboa, Portugal, que não dizia (como não diz ainda agora) grande coisa.
A data, anos 50…
Tudo muito vago. E todavia, eu, que me parecia haver qualquer coisa familiar, ali, naquela imagem, olhava, suspenso de algo, para aquilo… Que raio de cisma!
O que estava em segundo plano percebia-o mal; prédios na cidade, pois claro, mas esbatidos na neblina.
E, e os campos em primeiro plano…?
Os campos ajudam muita vez pouco, têm por habitual poucas referências. Nêste caso havia uma estrada a cruzar outra e a outra parecia, parecia que era, uma via férrea. No quadrante inf. esq. uns armazéns, uma chaminé de fábrica. — Chelas? Xabregas?…
No quadrante inf. dir. uma casa que parecia ser uma grande quinta… — Do Armador?
Podia ser… A linha de cintura passa-lhe na encosta deanteira, para lá da Az. da Maruja e do vale…
E aquela estrada, então, podia bem ela ser o estradão de terra ladeado de oliveiras que vinha pela quinta das Olaias até aos fundos do vale onde sobejava um casal além da linha do combóio — casal já da Quinta dos Machados ou do Dr. Vilaça, onde havia umas gémeas, e onde ia eu com a minha mãe quando ela ia aos ovos.
Espantoso! Nunca pensei poder tornar a ver aquela estrada… (Só anos mais tarde achei esta.)
Desde que por 1982 ou lá quando foi que edificaram o clube das Olaias mai-la sua piscina e os courts de ténis, em que me pus por ali a olhar para o limite da praceta e para o muro de baixo dêsse dito clube e a pensar nos campos e na estrada de terra ladeada de oliveiras que fizera ali um cotovelo naquela meia encosta, é que pensei nisso: nunca mais haveria de ver aquela estrada. Nem dela sobraria memória.
Afinal…
Vista aérea das quintas de Chelas ao Areeiro e a Alvalade, Lisboa, c. 1956.
Judah Benoliel, in archivo photographico da C.M.L.
Agora, benévolo leitor, se quiser, descubra as diferenças.
Vista aérea das quintas de Chelas ao Areeiro e a Alvalade, Lisboa, 1997.
«Homem à Máquina, fotografia», in archivo photographico da C.M.L.
Em cima as quintas e em baixo as ex-quintas do Armador, dos Machados ou do Dr. Vilaça, das Olaias, do Monte do Coxo, do Casal Vistoso, da Montanha &c.
Na de cima, apesar da neblina, ainda se lá nota o vulto dos arranha-céus do Areeiro.
Na de 1997, apesar (também) da altitude a que foi tirada e de se até alcançar o contorno da Serra de Sintra no horizonte, os formidáveis mamarrachos do Casal Vistoso não deixam já ver o Areeiro.
Embocadura da R. Braamcamp na Rotunda, Lisboa, 1956.
Eduardo Portugal, in archivo photographico da C.M.L.
[Futura] Av. de Berlim,Portela de Sacavém, c. 1962-63.
Artur Goulart, in archivo photographico da C.M.L.
O autocarro da Encarnação na [actual] Av. de Berlim, no trôço entre o aeroporto e os bombeiros.
Em segundo plano o palácio Benagazil (à época, o C.I.D. — Centro de Instrução e Documentação da T.A.P.). Mais atrás, o novo Hangar 4, feito havia pouco para a manutenção dos aviões «Caravela», e onde se instalou então a Direcção dos Serviços de Manutenção da T.A.P., segundo cuido saber.
No mais, ainda, o soberbo olival da Quinta do Policarpo, além do muro da velha Estrada de Sacavém e antes daquelas novas instalações da T.A.P. no Aeroporto da Portela, que tìmidamente se expandia.
(Revisto às três e meia da tarde: toponímia & remissões.)
Comemorações do VIII Centenário da Tomada de Lisboa aos Mouros, Lisboa, 1947.
Judah Benoliel, in archivo photographico da C.M.L.
Com uns ganhos na Feira da Ladra, aos sábados, aburguesei-me no «chic» (cuidava eu) de comprar o «Expresso», nos meados de 80. Nêsse tempo não havia saco de plástico. — Nem eu sabia nada.
Ao depois mudei-me para o «Independente» cuidando aí que talvez que me afidalgava alguma migalha só da irreverência monárquica do Miguel Esteves Cardoso. — Era novo, não pensava!…
Meu pai lia o «Diário Popular», até que acabou. Ficou-se então só pelos desportivos «A Bola», «Record»; creio que se publicavam em dias alternados. Mantinha êle um trato com o Manecas jornaleiro; trazia o jornal de hoje à tardinha e devolvia-lho à manhã; pelo meio comprava o jornal de sábado e, quando se publicou, a Teleculinária para a minha mãe. De quando em vez um «Zé Carioca» ou um «Pato Donald» a rôgo de meu irmão ou meu. Um negócio assim mais em conta, até que o Manecas se também finou.
Os jornais nêsse tempo ainda, porém, estavam para durar. Agora já não…
Onde isto já vai!…
Com o tempo o jornal tornou-se para mim um rito sòmente estival. Uma coisa de tempos livres e que me dava realmente prazer desfrutar na praia ou na esplanada. Mais tempo e, desencantei-me, tal a pobreza dos pasquins. O estúpido Acordo Ortográfico matou-mos terminantemente a todos. O «Púbico» [isto mesmo], apesar dêle (de o negar, ao estúpido Acordo Ortográfico) nem precisou disso; apodreceu por si.
Lia por fim «O Diabo», mas até dêle me cansei há uns poucos de anos. Tornou-se-me maçador. Ou fui eu que desmoralizei ao ponto de nem o prazer simples de ler o jornal já ter…
Inauguração da estátua de Fernão de Magalhães, Pr. Chile, 17/X/950.
Judah Benoliel, in archivo photographico da C.M.L.
O ardina Manecas tinha banquinha de jornaleiro na esquina da Parreirinha do Chile, ali quando se dobra para a Pereira Carrilho.
O «Diário Popular» é da hemerotheca digital.
O tanque, ou lago, do Neptuno foi pôsto na Pr. do Chile em 1942…
Em 24 de Agôsto de 50 vinha no Diario de Lisbôa — A estátua de Neptuno vai ser retirada da Praça do Chile e passa para o largo D. Estefânia. — E dizia mais — Há cerca de um ano, no centro da grande placa central da Praça do Chile, e após alguns meses de trabalhos, foi colocada a estátua de Neptuno com o seu tridente — dando conta de por onde andara.
(Diario de Lisbôa, 24/VIII/950.)
Se em Agôsto de 50 havia cerca de um ano, no centro da grande placa central da Praça do Chile, o Neptuno com seu tridente, por tanto, foi só ali pôsto, no Chile, por 1949.
Faz-se luz dêle numa fotografia de Judah Benoliel no archivo photographico municipal com a data de 11 de Abril de 49. Não achei notícia, porém, dêste facto, nos Diarios de Lisbôa dêsse mês. Como diz a notícia que foi colocada no Chile após alguns meses de trabalhos, calhando, haverá notícia nalgum jornal dos mêses para trás. Em havendo, haver-se-á de achar…
Obra de colocação da estátua de Neptuno, Pr. do Chile, 11/IV/1949.
Judah Benoliel, in archivo photographico da C.M.L.
A remoção do Chile para a Estefânia parece ter começado em 28 de Agôsto de 50 quando (vê-se no jornal de 24) se abriam já caboucos no Largo de D.ª Estefânia para a estátua de Neptuno, com o seu tridente.
Em 29 de Agôsto desmantelava-se o lago da Pr. do Chile.
Em 2 de Setembro de 50 estava o Neptuno, com o seu tridente, ao centro na Estefânia. As obras do tanque prosseguiam. As pedras a postos lá esboçavam o redondel.
Obra de colocação da estátua de Neptuno, L. D.ª Estefânia, [2/IX/1950].
Judah Benoliel, in archivo photographico da C.M.L.
Até receber a estátua de Neptuno achava-se o dito Largo de D.ª Estefânia, cuido, vazio ao centro; simples cruzamento de ruas. O lago redondo fez dêle uma rotunda.
Cá para mim o «Púbico» (isso mesmo) baralhou as gordas: aquele «não passa de um mito» na esquerda baixa dos «biológicos» pertence é à outra dos 500 na meia direita.
Beethoven, Sonata para piano n.º 14 (Ao Luar) — I. Adagio sostenuto.
Claudio Arrau, Alemanha, 1970.
A coisa nem está mal. Assim como não está o particípio passado regular «exprimido», do verbo «exprimir», em vez do irregular «expresso». Como substantivo lá terá o seu quê. Fazendo psicologia barata, que pensar de quem diga que os naturais da Turquia sejam turqueses, ou os da Bélgica, belgicanos? Será meio idiota, não?!… — A menos que esteja a gozar… — Talvez a Carla Tomás e o Hugo Franco estejam a gozar.
Comigo, não, que não compro o «Exprimido».
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