![Camioneta da carreira, Torrão (prox.). Portimagem, [s.d.]](https://live.staticflickr.com/7331/12679814845_fce2a586a7_b.jpg)
Camioneta da carreira, Torrão (prox.), [s.d.]
Portimagem, in Flickr.
Li antes de almôço que em Lausana, na Suíça, vai uma revolta dos diabos. — Dos diabos ou dalgo, dalguém, duns faunos que se agora dizem jovens.
Jovens, bem vejo… Mas, na Suíça…?! — Essa fortaleza da ordem cívica, onde cagar à noitinha e dar ao autoclismo dá multa, senão cadeia?!… (E onde os cagões intocáveis de Davos ninguém lhe toca porque…) Porque o civismo é a polícia e a polícia é o império da ordem, ela mesma, ou qualquer outra nova ordem mundial que deva imperar… — Onde vai já a caganeira, bem!…
Pois, na Suíça, li antes de almôço, em Lausana — Lausana! Um bastião da esquerda!… —, um pretinho jovem (do Congo) roubou uma lambreta e despencou-se com ela a fugir da polícia. Morreu.
Morreu… — Vendo bem, matou-se, o jovem. — Trágico!
Mais trágico: por tal infortúnio do jovem, levantou-se uma tamanha revolta de jovens solidários lá em Lausana que a cidade vai que parece aquela vez do Floyd na América. Ou do Aldair na Cova da Moura, cá.
Uma festa!
Uns 100 jovens diz que deram em saüdar a polícia com tochas e fogo de artifício, e uns bandos deles quando reconheceram um político do Partido Popular Suíço arriaram-lhe porrada de criar bicho. Dez ou quinze contra êle. Isto é bem verdade!
Gergana Krasteva, «Tumultos em Lausana deixam um vereador espancado», Metro, 26/VIII/25.
Também é verdade que — veio logo nas notícias —, que o What's Up, o What Sapo ou, um OlharAppo que há agora, tem lá um grupo de que fazem parte bem uns 10% dos polícias suíços (não descobri se inclui a guarda do Papa também). E parece — salientam essas notícias — que o tal grupo do What's Up é só racismo e xenofobia.
Anda tudo ligado. E não admira: a capacidade de mobilizar gente para guerrilha, ou multidões para acção de rua, que dá no mesmo, quere a acompanhá-lo uma formidável desmoralização de quem no possa tolher. Acção no terreno e acção psicológica. Nem é preciso ter altos estudos militares.
E ora lá se não é?! A polícia suíça — soubemos agora bem a tempo — é ou não é só racistas?!…
Ordem de serviço. Fustigue-se a polícia e mande-se-a recuar!

Corina Freire, 1931.
Silva Nogueira, in M.N.T., apud «A Magazine», n.º 11, Nov. 2024.
Calhei ouvir o episódio de hoje do Café Plaza. Lá pelo minuto 25 relembraram a soprano algarvia Corina Freire. Dela há mais umas esplêndidas fotografias de Silva Nogueira do espólio do Museu do Teatro numa revista «A Magazine».
E do tempo da grafonola:
Corina Freire, As Giestas (Alves Coelho e R. Portela)
(Da revista Rosas de Portugal, 1927)

Assistente da T.A.P. n/ id. com carrinho de mão e Margarida Rouillé a par das malas, Portela de Sacavém, 1968.
Dante Vacchi, in Museu da T.A.P.
A propósito dum encontro de futebol na Amadora que se repetiu no último sábado…

(Diario de Lisbôa, 31-12-946.)

Vizinhas, Lisboa, 1936.
Fragmento de Ant.º Lopes Ribeiro, «A Revolução de Maio», 1937, in Bibliotheca d' Arte da F.C.G.

Estr. de Benfica e Estr. Militar da Circunvalação (scena d' «A Revolução de Maio», de Ant.º Lopes.Ribeiro), Portas de Benfica [1936].
Estúdio de Horácio de Novais, in bibliotheca d' Arte da F.C.G.
* * *
Hermínia Sílaba, A Tendinha (de «O Zé dos Pacatos»)
(José Galhardo, Raúl Ferrão, 1935)
Fragmento de «É de Gritos!», revista em dois actos da autoria de Alberto Barbosa, José Galhardo, Fernando Santos, Almeida Amaral, Vasco Santana e Lourenço Rodrigues, representada pela primeira vez em Lisboa, no Teatro Variedades em 24/V/1950.
(A.N.T.T., Secretariado Nacional de Informação — Direcção-Geral dos Serviços de Espectáculos, proc.º 4036. Cf. Diario de Lisbôa, 24-5-950, p. 4, e 25-5-950, p. 4).
Quem queira entender como se toma de assalto um país, hoje, não vá por altos estudos militares. Vá ao Registo Civil. O quadro é tal que, gente exótica, só os funcionários. Eles e eu.
Como se não pode publicar imagem das tropas de assalto em parada no átrio do I.R.N. à Fontes Pereira de Melo sem ser tachado do pior, e até de condenação em tribunal por falta de colaboração com o invasor, fica para museologia futura o retrato dum indígena exótico, no caso, tutelar da capitulação oficial.
Para que conste. 8 de Agosto, Anno Domini MMXXV.

Ministra da Justiça na cerimónia de boas-vindas aos novos conservadores [conservadores?!] do I.R.N., [Lisboa], 2025.
José Sena Goulão / [brasi]Lusa.
Andamos para aqui outra vez na fase do Tárique. A ver se não acabamos novamente nisto…
Juan de Enzina, Levanta Pascual
(La Capella Reial de Catalunya. Hespèrion XXI. Jordi Savall, Isabel I, Reina de Castilla — Luces y Sombras en el Tiempo de la Primera Gran Reina del Renacimiento, 1451-1504, Alia Vox, 2004)
Av. do Aeroporto, Lisboa, [post 1957].
A. n/ id., in archivo do A.C.P.
P.S.: o trilho que se nota no terreno não edificado à esq. é a curva da própria Estr. de Sacavém a seguir à Quinta da Fronteira. Um vestígio que se mantinha.
Galveias, dez e meia da manhã. Passo o pátio, abro a porta, seguro-a, cêdo passagem a uma senhora que vem três passos atrás.
Entro, vou à sala do canto, que deram ao Herberto, a sacar da estante o do Quilino que me tem interessado, ainda antes de subir ao andar nobre pelo que reservei; levou meses a emprestarem-mo — sempre emprestado neste tempo. A senhora a quem abrira a porta acha-se aqui ante a bibliotecária. Rara leitora. Raros leitores, hoje, um ou dois por sala. Agrada-me assim.
Com os dois livros, o que leio na biblioteca (êste não emprestam, é legado do Herberto…) e o que levo emprestado, ponho-me na varanda, no canto, à sombra, só eu…
Primeiro de Agôsto: calor! Deixo-me ficar até ao almôço; até ao fim da interessante parte que trata de Camillo e Eça — Camillo vs. Eça — em que paro. Ao depois, quando tornar, sigo o resto dêste Quilino, com Raul Brandão.
Deixo as Galveias, passo o jardim, onde podia almoçar, mas não. Cruzo uma esplanada, duas. Sento-me nesta, menos cheia, a ver se como mais sossegado.
— Ontem o treinador de Mirandela perdeu… Peço alheira…? — cogito.
Ainda pego no livro que trago, mas entretanto servem-me.
Depois do arrôto e do café, meto-me pelo bairro do Arco do Cego. Aqui o sossêgo é maior. Quási ninguém. Férias: da escola, de todos. Entre o liceu Felipa e a escola primária, a rua deserta de primeiro de Agôsto é aprazível: bancos de jardim à sombra dumas árvores frondosas, uma brisa tépida que corre e que corta o calor.
— Onde ia eu?… 10.º capítulo, pág 145 — O áspero degredo.
Não pode tanto bem chegar tão cedo,
porque primeiro a vida acabará
que se acabe tão áspero degredo.
Versos da elegia O sulmonense Ovídio, desterrado (elegia do desterro) introduzem-no; o capítulo e o degredo do poeta; e o degredo do poeta, comparando-se ao de Ovídio, introduz uns amores de Camões com certa dama do paço, causa do dito degredo. — Quem foi ela? Que se passou?
Novela de amores proibidos, censurados, esquecidos. Dou agora em apreciar novelas. Quedo-me ali a tentar saber…
* * *
Duas e meia. Passo o bairro do Arco do Cego; Praça de Londres; Manuel da Maia, o mesmo sossêgo. Pouco trânsito, pouca gente; dois, três automóveis; uma ou outra pessoa — primeiro de Agôsto, a gôsto…
Com a soalheira, atalho pelas escadinhas que ligam a Manuel da Maia à Guerra Junqueiro, caminho fresco, de sombra…
De sombra…

Escadinhas particulares da Manuel da Maia para a Guerra Junqueiro, Lisboa — © MMXXV
Versos doutra elegia…
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