Os democratas enchem a boca de fascismo. Tanto o ensalivam e mastigam que se o não engolem, pelo menos arrotam-no mais do que ninguém. E se o cospem, no fim não deitam fora como na cantiga da chiclete. Colam-no, tal qual pastilha elástica na porta do vizinho, como chibos sempre a apontar ao facho e a queixarem-se da P.I.D.E. …
Mas é uma profissão de fé, atenção!
Por isso, qualquer coisinha que lhes cheire a blasfémia ou sacrilégio democrático, ai meu Deus que é inconstitucional!… — O texto profano dos textos profanos tornado vaca sagrada, apesar de que isto não é a Índia…
Ou o Bangladexe…
Por enquanto, mas vamos por bom caminho…
Disse certa vez o Prof. Hermano Saraiva desses textos democráticos tão sagrados: a melhor Constituição não torna bom um mau governante, nem uma má Constituição impede um bom governante de governar bem.
Há dois problemas com esta verdade assaz evidente: quem na afirmou é excomungado da democracia; e um bom governante é coisa que se não avista nem cheira, democràticamente ou não, neste resíduo das Hespanhas já vamos em mais de cinquenta anos.
De maneira que proponho uma verdade menos evidente. A notícia a evocar duas figuras admiráveis da democracia — os termos são da próprio Diario de Lisbôa em 31 de Outubro de… 1934 — em plena ditadura salazarista, como lhe chamam os devotos fervorosos da democracia.
Um curiosidade mais (duas): António José de Almeida tem estátua inaugurada em 1937 numa avenida de Lisboa com o seu nome cujo edital da Câmara é de 1929; José Relvas tem uma rua na freguesia do Beato com edital de 1971. Dois democratas da I.ª República homenageados durante o governo da Ditadura Nacional de 28 de Maio de 26 (extinta pela — veja-se só! — pela Constituição de 33), e pelos governos do Doutor Salazar e do Prof. Marcello Caetano.
Entre tanto, nada como o 25 de Abril de 1974: — ilegalize-se democrática e constitucionalmente agora aí esse partido, s.f.f. !…
« Esta gravação data de 1935 [*], foi efectuada nos Estúdios Valentim de Carvalho, na Rua Nova de Almada, em Lisboa, e pertence à Face A do disco de 78 rotações editado pela Valentim de Carvalho com o selo da Columbia, a matriz de disco DL 99, a matriz de gravação ML 33, e a matriz de fonograma CP 693, disco este que foi dos primeiros a rodarem nos gramofones da Emissora Nacional, durante as suas primeiras emissões regulares, apresentadas por Áurea Rodrigues e Fernando Pessa.
« Neste disco, escutamos a grande Hermínia Silva, acompanhada à guitarra e à viola, na performance [no desempenho] de dois fados, que são precisamente Sou Miúda, e este grande êxito nacionalista da revista Festa Brava, em cena no Teatro Apolo em 1934, de seu nome O Gonçalo Velho:
Hermínia Silva, O Gonçalo Velho (Ser Marinheiro)
(Fado original da revista Festa Brava, de 1934)
Este navio, o Gonçalo
É pequenino, deixá-lo
Mas é valente e resiste
E p’ròs que ousam duvidar
Chega bem p’ra lhes mostrar
Que Portugal ‘inda existeUm navio era preciso
P’ra a Armada tomar caminho
E ter uma esquadra enorme
E como se chama «aviso»
É p’ra avisar o povinho
De que a Marinha não dormeSer marinheiro
É ser bravo, é ser valente
É amar este cantinho
Que se aperta numa mão
Ser marinheiro
É trazer constantemente
Portugal todo inteirinho
Cá dentro do coraçãoPor já estar muito velhinha
A velha esquadra não prova
É dito já velho e relho
Para dar força à Marinha
Mas p’ra vir a esquadra nova
Lá foram buscar um velhoÉ mais uma fortaleza
Com que a Marinha de guerra
Vai doravante contar
E defender com nobreza
Este pedaço de terra
Que nos custou a ganharSer marinheiro
É ser bravo, é ser valente
É amar este cantinho
Que se aperta numa mão
Ser marinheiro
É trazer constantemente
Portugal todo inteirinho
Cá dentro do coraçãoPortugal todo inteirinho
Cá dentro do coração
« Com música de Raul Ferrão e letra nacionalista de Amadeu do Vale, de seu título original «Ser Marinheiro», este fado teve o objectivo de assinalar a entrada [na] barra, [em] 1 de Abril de 1933, pela 1.ª vez, o Aviso de 2.ª Classe «Gonçalo Velho», o 1.º navio do Programa Magalhães Corrêa ao qual se seguiriam os «Gonçalves Zarco», «Afonso de Albuquerque» e «Bartolomeu Dias», os 5 contratorpedeiros, os 3 submarinos da 2.ª Esquadrilha, os Avisos «Pedro Nunes» e «João de Lisboa», as 5 lanchas de fiscalização de pesca e o navio-tanque «Sam Brás».
« Estreada na revista Festa Brava, levada a cena no Apolo, a então azougada rapariguinha de 20 anos que era então Hermínia emocionou toda a plateia com o seu travesti de marinheiro, envergado com imenso orgulho, cantando este fado com uma garra, uma emoção e um fervor patriótico impressionantes, expressando o seu amor pela Marinha duma maneira singela, que comoveu a Marinha de tal maneira, que este fado passou a ser considerado como o 1.º grande êxito de Hermínia depois da Lisboa Antiga e um dos hinos mais importantes da Marinha.
« Passado exaustivamente na Emissora Nacional, este registo de 1935 seria um dos maiores êxitos discográficos de Hermínia, que nunca mais deixaria de cantar este fado nos seus espectáculos ao vivo, actuações em serões para soldados da Emissora Nacional dedicados à Marinha, e actuações em espectáculos de beneficiência, onde foi recordista, tendo actuado em mais de 3 000 espectáculos que tiveram como objectivo ajudar construir e ajudar hospitais, centros de saúde, lares de idosos, escolas, associações de beneficiência e outros mais, os espectáculos onde Hermínia se sentia mais à vontade, porque não era paga, sentia menos o peso da obrigação e o coração cheio por estar a ajudar as pessoas com a sua participação.
« Depois do 25 de Abril, Hermínia voltaria a gravar este fado, com António Chainho e José Maria Nóbrega, num registo que suplantaria esta gravação original de 1935, reeditada em C.D. na compilação Hermínia Silva – Memórias do Fado, da Tradisom, em condições pouco favoráveis.
« O registo aqui presente foi gentilmente cedido pelo Arquivo Sonoro Digital do Museu do Fado, restaurado e remasterizado [i.é, melhorado] através da Inteligência Artificial [ou seja, com um programa de computador]. »Miguel Vaquinhas, 24/X/25.
[*] o Sr. Vaquinhas não indica a fonte. No Discogs dão-lhe o ano de 1936.
Um caniche de Pavlov fez um desenho (de muito mau gôsto, por sinal). Deitei-lhe um osso nos comentários que dizia:
O nome Salazar provoca os cães de Pavlov. Nada de novo aqui. São só os cães do costume, fiéis ao dono, mas com cérebro só virado à recompensa. Salazar é um osso para si, para eles. O Ventura é o que temos. Salazar não temos, a verdadeira desgraça é essa.
Òbviamente censurou-o.

«Os 3 Salazares», por um caniche de Pavlov, Sapo, 28/X/25.

Alunos do 3.º Ano – Turma E, Colégio Militar, 1968/69.
A. n/ id., Col. da Portimagem, Era uma vez em Portugal; Recordações da vida portuguesa, VII, in Flickr.
Tínhamos o Ferro e o Ferrão, tínhamos o Pico, e tínhamos o Prudente primeiro.
Tínhamos o Coelho e o Pato.
Tínhamos o Cabral.
Tínhamos o Pinheiro, tínhamos o Silva.
Tínhamos o Cardoso.
Tínhamos o Pedroso e tínhamos o Castro.
Tínhamos o Mota.
Tínhamos o Fiadeiro.
Tínhamos o Aniceto, o Baptista, o Domingues, o Fernandes, o Gomes, o Martins, o Moniz, o Soares, o Teixeira.
Tínhamos o Severino.
Tínhamos o Patrício, que era um e eram todos.
Agora é experimentar com Rachides e Mafamedes!…
António Mourão — Oh Tempo volta p'ra traz [sic]
(Na revista «..E Viva O Velho», 1965)
Quem não conheça uma campainha… Aprenda a ler.

Campainha, Lisboa — © MMXXV
Antigamente, para a tropa (uma fatalidade em desuso), no recenseamento militar e na apresentação para incorporação, o granel de mancebos à porta do ex-D.R.M. e dos quartéis era assim, numa fila indiana mal amanhada.
Ao depois na ordem unida lá se aprendia a formar a três, a dois, ou em bichinha pirilau — na gíria militar não se dizia formar a um para a vulgar fila indiana que, além de civil, era estrangeira.
Agora já é tudo nosso…

Sucursal da quinta coluna (novo D.R.M.) nos antigos armazéns da Maritecla em Arroios, ex-Portugal — © MMXXV
P.S.: ironias (e leis) à parte, esta merda parece que não pára. É mesmo para substituir o indígena. Ninguém duvide.
Gente à toa. Perdida. O foco no indivíduo escusava a indumentária. O indivíduo não podia cá estar. Se está, está a mais. Deve sair. Não há outro modo. Paninhos quentes não estancam infecções!…
Houvesse fibra, coragem… Mas nem noção…

O Mancha Negra / a mancha negra, Portugal — © 2025
André Ventura — Bamboleo
Primeiro, opera-se uma transumância de multidões de machos de mochilinha às costas e em idade de ir à guerra (nem que seja armados — para já — só de telemóvel); mouros de trabalho, diz-se e difunde-se pelas tubas da propaganda oficial sem nunca o provar, parece que pela falta de mão-de-obra nativa…
Segundo, espalham-se aqueles machos por reinos e império e mandam-se vir de mansinho as fêmeas em idade de procriar. Vieram antes os machos só de mochilinha, mas passeiam-se agora com a sua trouxa de duas pernas atrás, com a cria em gestação ou já de carrinho de bebé. Com subsídio e mais barriga para continuar…
Terceiro. Os nativos notam meios baralhados o que lhes está a acontecer: estão a ser sitiados na sua terra, na sua casa. Estrebucham (pouco, muito, em surdina, mas são sempre censurados; injuriados até!) E esgrimem (tentam) com leizinhas que encalham em leizorras, mas na realidade tudo isso é só a quinta coluna que mina toda uma civilização com dois mil anos descaradamente a ser tomada de assalto.
Os factos o demonstram, mas a insídia impera.
E prossegue:
No desacreditar dos receios sentidos e no aviso de todos aqueles que alertam.
E, no terreno, no encalhanço das leis, na teia da burocracia, enquanto na realidade as trouxas e as sacas de batatas parem nem que seja de burka, nem que seja num hospital particular, a expensas de quem…?
Em simultâneo o processo acelera-se e mais fardos são trazidos: gado velho, doente, paralítico, demente ou estropiado, o que seja, para fazer número.
A infecção alastra. Todos vêem; ninguém faz nada…
Ou faz.
Com ela, a infecção, vastamente alastrada, exigir-se-á nova ordem para (cuidam) domesticar o gado infecto que vai enchendo o curral. — Já se o vislumbra à porta de S. Bento, e por todo o império onde a infecção alastrou.
Os nativos (tidos também por gado desde o princípio) não tem salvação. Nem lugar. Adeus!

Portugal em imagem, Lisboa — © 2025
Posfácio: demasiados mandaretes gananciosos e idiotas úteis fomentam a islamização em curso que, por fim, os acabará por devorar nas suas próprias alcáçovas onde se cuidam por agora e ao depois a salvo da plebe; a nativa, e a do inimigo a quem franqueiam as portas da Cristandade.
Não lhes invadamos já (a esses mandaretes insidiosos) a sala de estar ou condomínio fechado. Continuemos a olhar para Emirates nas camisolas do futebol dessa Europa e outos patrocínios do género sem ver o que lhe subjaz, e vamos a ver onde iremos parar.
Lembrais-vos dos Kalkitos? O novo pop, que também é top, da linguagem, o Marco Neves, desempacota nesta curta-metragenzinha o seu último grito (seu, deles, dos Kalkitos).
Vede com atenção que é bonito!
Marco Neves, Dicas fora da caixa: Qual é a origem de «fora da caixa»?
(Raiz Editora, 2023)
O Marco classifica-o como decalque, ou calque, mas são galicismos. Linguagem ultrapassada.
A melhor designação para classificar a coisa é kalkito, que é, tipo, absolutamente fora da caixa.
Pois este kalkito «fora da caixa» é, como não podia deixar de ser, mais um anglicismo idiomático tomado por pragas de Dâmasos envernizados de «chic» a valer, como tantos outros.
Um dos últimos é «no fim do dia» (calha, ao fim e ao cabo, que é a hora a que redijo isto).
Logo antes vieram com a «resiliência»; um adjectivo da física dos materiais para dizer da volta dos elásticos à situação de repouso depois de distendidos, cujo uso grassou como fogo em palha seca (o material das melhores inteligências…)
Deste português novo-rico forrado de ganga estrangeira abundam esses Dâmasos da sabença ignorante, todinhos ajaezados com alvará de «geração mais preparada de sempre». Eles e os demais sábios até dizem «geração mais bem preparada», e lá nisso de serem «mais bem» calha muito certo porque destas peneiras no falar estrangeiro ou estrangeirado são gente mesmo, mas mesmo, mesmo «mais bem»!…
Ora, bem. Esta gente fora da caixa podia ser corrida a toque de caixa com dicionários de sinónimos pela mioleira, a ver se lhe entrava no bestunto vocabulário tão comum como «incomum», ou tão pouco original como «original», tão falho de imaginação como «imaginoso», ou já (para eles) tão excêntrico como «bizarro» e vice-versa. Mas, enfim, é gente tão fora da caixa (notai o paradoxo) que nem diferente, invulgar, singular, inusitada, insólita, esdrúxula, esquisita ou anormal chega a ser, cuidando que o é. São só mais do mesmo, pobres mesmiços.
Não resisto; Mortágua entrou hoje numa outra flotilha em parte incerta rumo à Dinastia Ming para salvar os chineses do extremínio às mãos das lâminas afiadas dos samurais nipónicos.
Já Leitão esgotou o KFC da zona e está plantada no sofá a ver as 50 temporadas de «Friends» com duas grandes embalagens de coxas de frango frito e uma embalagem XXXL de gelado do Santini.
Já o Carneiro deu uns valentes pinotes de felicidade e anda a celebrar a sua sobrevivência política no meio das moitas com champanhe de bolota.
O Raimundo está a pensar juntar-se à Mortágua na Dinastia Ming.
A Mariana Leitão é uma nova heroína da Marvel ainda por descobrir e encontrar: a Mulher Invisível. Só sabemos que existe.
Ventura viu um Sapo, um grande Sapo, no meio da horta com a boca torta. Viu o Sapo e comeu-o, sem espinhas. Azar, o Sapo ficou entalado.
Montenegro é o galo do casino. Com a crista levantada lá vai apostando na roleta e ganhando a sorte dos dados.
Falta algum?
Sim, Tavares que quer criar uma rede de transportes aéreos para levar as crianças para os infantários e assim evitar o trânsito rodoviário dos centros urbanos.
Já a Inês Sousa Real foi devorar duas bifanas e dois pastéis de nata para mostrar que é tuga e que não confunde os torresmos com flan.
Por último, as Marias Castelos Pretos encontraram um especial conforto na derrota do CH[ega] para disfarçar a amargura da derrota do P.S.. Amanhã na Rádio Observador, os socialistas encapotados de serviço só vão falar na derrota do CH[ega], a sua grande vitória nestas eleições.
Vamos à próxima. Ve[r]mo-nos livres de Marcelo será a narrativa de vitória de todos os candidatos presidenciais, à excepção de Mortágua, perdida na campanha da Dinastia Ming […]Ruço de Cascais, em comentário a Zé Manel Fernandes, «Já tinham esquecido que toda a política é local?», Observidor [isto mesmo], 13/X/25.
Pois, toda a política é local…
Local e retornada…
A retornada Madalena de Arroios, alçada em 21 pelos disparates da Guida Gorda, desperdiçou o ganho de não compactuar com o granel dos atestados de residência concentrados e à balda, e pôs-se ùltimamente a capitalizar flores e tabuleiros de xadrez em jardins, corridas de meninos na Escola do Exército, excursões geriátricas ao Alentejo, luzinhas de Natal em passadeiras com pintura sumida. Ora tudo isto mais o branco das ideias que se lhe derrama das curvas da mioleira, aliado à grande porcaria de fregueses que havia de servir, deu no que deu. Levou uma desanda, com retorno dos esquerdóides a cavalo dum professor do Lyceu de Camões que nem corta o cabelo.
![José Frederico Oom, »Para que serve [a orla da rodovia pintada de branco]?, in Vizinhos de Arroios (Vizinhos em Lisboa), 3/X/25](https://fotos.web.sapo.io/i/Gd1186492/22806654_FGJLm.png)
Melhoramento de vulto. Orla da rodovia pintada de branco, Pr. do Chile (prox.), 2025.
![A. n/ id., Albufeira, [s.d.]. Colecção Fundação Portimagem, Albufeira Q-166](https://live.staticflickr.com/65535/54795309348_ca03382ba5_b.jpg)
Albufeira, Algarve, [s.d.].
A. n/ id., Colecção Fundação Portimagem, Albufeira Q-166.
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