Chelas. A linha de cintura a caminho de Marvila, à beira da ponte sobre a Estrada de Chelas. No vale o que resta da Horta da D. Margarida, uma quinta a que pertenceria aquela casa de bom porte em ruínas, talvez.
Pouco abaixo da meia encosta vai a Estrada de Cima de Chelas, mas percebe-se mal.
Na linha de cumeada passa a Azinhaga da Salgada cujo nome advém da Quinta da Salgada aonde ia dar e que ficava para lá do monte. Não garanto, mas aquele casarão maior sem telhado entre as grandes palmeiras dá impressão que era a habitação da quinta. A sua parte rural há 10 ou 15 anos que foi urbanizada para realojamento. - O nome de bairro dos alfinetes, duma outra azinhaga mais a poente [nascente], sobrepôs-se-lhe, creio.
Pois esta Azinhaga da Salgada parte da Azinhaga da Bruxa, mais a sul, que por sua vez parte da Rua Direita de Marvila mais ou menos ao cimo da Calçada do Grilo. Tudo isto de que vos falo está destinado a dar em amarrações da nova ponte, se é que se pode dizer assim.

Chelas, Lisboa, 2007.
De
MCV a 17 de Abril de 2008
Ora aí está!
Uma belíssima fotografia que já cheira a História.
A ver se me apresso e ainda capto estes sinais.
Abraço
De
T a 17 de Abril de 2008
Tens que ser rápido Manuel.
E tens razão, esta fotografia vai ser uma referência histórica.
Meu Caro Bic,
veja pelo lado positivo, o desaparecimento desta paisagem promete ficar muito atravessado. Abraço
Manuel: Obrigado! Apresse-se que o lugar é curioso. // Dona T.: Hão-de abundar exemplares. Mas obrigado! // Réprobo: Vai ficar atulheinho como vale de Campolide, com a mole de cosntrução pelos joelhos do aqueduto. Veja lá o encanto disso. // Cumpts.
E assim, em três tempos e quatro andamentos se escreve uma marcha fúnebre. Ao som desta marcha hão-de ir a enterrar a Salgada, as Conchas, e tudo o que é antigo e devia estar preservado e não está. Se calhar porque o sítio não se chama Bairro da Lapa. Há-de ir a Azinhaga da Bruxa, com um segmento quase intacto, que é o último exemplar de uma azinhaga alfacinha e para não ir só, terá por companhia outro exemplar único: a sua vizinha Quinta das Pintoras, também vizinha da já moribunda Manutenção Militar. Raros felizardos conhecem as jóias que aqueles muros encerram. E dentro de poucos anos, descerá também à terra a triste alegria dos barreirenses que acreditam que a ponte lhes plantará a árvore das patacas à porta de casa.
A.v.o.
Pois é triste, não é verdade?! Que se há-de fazer?
Cumpts.
De IT a 2 de Janeiro de 2011
Olá, hoje andei a passear por Lisboa e descobri a Quinta das Pintoras. Fiquei apaixonada, fascinada e intrigada...vim aqui à net ver informações sobre a casa...encontrei este blogue e esta conversa...alguém sabe dar-me mais informações sobre a quinta das pintoras?...mera curiosidade!
Sobre as quintas até Chelas e para além de Xabregas v. José Sarmento Matos e Jorge Ferreira Paulo, Caminho do Oriente: Guia Histórico, 2 vols., Livros Horizonte, 1999. Estão ao dispor em modo electrónico no sítio do Instituto Camões.
A quinta das pintoras é brevemente referida no 2º vol.
Grato pela visita.
A "casa de bom porte em ruínas" creio ser a Qtª do Paló mas não tenho a certeza. Mas o "casa maior/.../entre as palmeiras", é efectivamente a casa do que foi a Qtª da Salgada ( e não Salgadas, como alguns chamam ao sítio). Herdou o nome daquela que, no séc. XVIII, foi sua proprietária: D. Ana Joaquina Salgado. Está uma ruína lastimosa. Idem, a sua vizinha Quinta da Concha. Junto do edifício encontra-se um lago romântico, de apreciáveis dimensões e razoavelmente conservado, mas tão tomado por malmequeres e outra vegetação infestante, que dele só se vêm as pequenas pontes que ligavam as margens a duas ilhotas triangulares. A foto é, de facto, um documento histórico. Em breve, ainda antes da construção da nova ponte, o cenário sofrerá alterações profundas por via da quadruplicação da Linha da Cintura, que parou há uns anos atrás entre o Areeiro e Chelas, depois de sepultar a multissecular Fonte do Louro (é referida em documentos do séc.XII ) e agora prepara-se para arrancar de novo. Se alguém quizer fotografar estes sítios é melhor que se apresse. Os locais citados e outros mais, são de acesso público. E não temam a má fama que o local, injustificadamente, goza. É mais a fama que o proveito.
De Bic Laranja a 20 de Abril de 2008
Falta a palavra 'epitáfio' no título, bem vejo. Obrigado por mais esta achega sobre o lugar. Cumpts.
De ana a 6 de Outubro de 2009
ola eu morei ao pe do casarao de ana joaquina salgado,sempre tive curiosidade de saber masi a respeto dela
Caros amigos....tenho um post "pendurado" por falta de informações... esse mesmo palacete que se vê ao lado da linha de comboio, já lhe chamaram quinta do sargento e pátio dos adrinhos...agora parece que é a quinta Paló...
Se conseguirem apurar seria uma grande ajuda...
Com LUZ
Gastão
De Emanuel Mota a 26 de Abril de 2011
Meus caros, tenho andado a recolher alguma informação sobre esta zona de Lisboa que foi o berço da minha mocidade. Todos os dias, quando ia a pé para a Escola Afonso Domingues, passava em frente da enigmática quinta que sempre ouvi apelidar de Chatelaná.
De Leonel Dias a 21 de Fevereiro de 2023
Boa tarde: tenho divagado pelo seu blog e confesso que me delicio em penetrar no passado paisagístico da nossa cidade. Nasci em Marvila e recordo com saudade as azinhagas que confinavam as quintas e ao mesmo tempo, unificavam o mundo rural. Neste seu post, vou tentar fazer uma correcção: a azinhaga das bruxas começa a sul, pela a estrada de Marvila. A estrada de Marvila, termina no topo da duque de Lafões e começa a rua de Marvila de seguida. A rua de Marvila, percorre a antiga fábrica dos sabões, penetra na urbanização e termina na antiga passagem de nível, onde começa a rua direita de Marvila, por onde se acede ao poço do bispo. Sem mais, cordiais cumprimentos.
É como diz. A azinhaga da Bruxa parte da estrada de Marvilla e termina na da Salgada. Um caminho entre muros curiosíssimo no trôço antigo que subsiste. O trôço final foi dizimado com os prédios ante a escola do B.º da Madre de Deus.
No caminho de Marvilla um acêrtozinho; a estrada muda em rua pela azinhaga das Veigas ou da Cruz das Veigas, seu nome antigo, que seria onde pròpriamente começaria o lugar de Marvilla. Ao depois, Marvilla a dentro, era rua (ou rua direita conforme a nossa tradição de chamar as ruas principais que nos corriam através dos povoados). —A estrada levava a Marvilla e a rua corria Marvilla.— Seria assim rua até ao Poço do Bispo e é como vem nas plantas 14J a 14M do levantamento topográfico de 1911. A distinção entre rua de Marvilla antes da antiga passagem de nível e rua Direita ao depois dela é coisa da I.ª República em 1916, de quem já fazia descaso ou já perdia a memória dos modos tradicionais de nomear as ruas e os lugares, eu me parece.
Muito obrigado da correcção e do aprêço!
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