A minha mãe há-de ter conhecido esta paisagem. Agora lembro-me: ela não dizia que eram campos; dizia sim que eram terras. Campos dizia ela mais para o Areeiro. Destas terras, em 39, quando veio ela para Lisboa, perguntei-lhe algumas vezes quando de quando em vez me dava a curiosidade sobre como fora o local: – "Andavam os terrenos em obras para fazer a Alameda, é só. Não havia grande coisa. Havia árvores e terras." – Nunca consegui eu disto formar uma imagem. E no entanto agora parece óbvio...
Local onde foi construída a fonte monumental da Alameda, Lisboa, 1939.
Eduardo Portugal, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
O portão da quinta dava para a ladeira, ali à direita. Vinha lá de cima da Rua Barão de Sabrosa. Era uma típica azinhaga. O projecto de pavimentação em 1896 deu-lhe foros de calçada. Em 1904 foi alargada graças à cedência dalgum terreno pela srª Viscondessa do Vale de Sobreda. Mais larga porém, é a ladeira que por ali sobe hoje.
A azinhaga que acompanhava o muro da quinta do Alperche no sopé do monte era a Azinhaga do Areeiro. Partia do fundo da Calçada do Poço dos Mouros, à Rua Conselheiro Morais Soares, e entroncava com a Estrada de Sacavém em chegando ao lugar do Areeiro, mais ou menos onde começa agora a Av. Afonso Costa. A quinta do Alperche estendia-se aqui até um pouco mais adiante a caminho do Areeiro confinado com a Quinta do Bacalhau por alturas onde hoje pára a R. José Acúrsio das Neves. Era nesse pedaço que ficava a casa principal da quinta.
O casarão lá no alto não é [mesmo] da quinta e é curioso que ainda existe. Fica na rua Garrido nº 3, um beco sem saída, e também tem serventia pela Alameda, nº 44. Mas por aqui fica bastante recuado, quase se não dá por ele. Vai-se lá dar por um caminho de escadas.
Enfim! Com a Alameda de Dom Afonso Henriques por fazer mas ainda assim reconhecível, era como vedes este lugar das quintas do Fole, do Martins e do Alperche em 1938.
Terrenos da futura Alameda de Dom Afonso Henriques, Lisboa, 1938.
Eduardo Portugal, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
Texto revisto à meia-noite e meia.
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