Numa jornada atrasada vinha eu na Rua de Arroios. Tinha o propósito de chegar ao Largo e dizer algo da sua história mas detive-me um pouco abaixo para falar antes na Fábrica de Lanifícios; entretanto dispersei-me. Torno aqui àquele caminho, mas antes de prosseguir para Arroios merece o benévolo leitor que reproduza aqui o que nos disseram os autores antigos sobre o (passe a repetição) antigo Caracol da Penha:
Rua Marques da Silva, Lisboa, [s.d.].
Artur Goulart, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..
« Marques da Silva (Rua) — Freguesia de Arroios e da Penha de França — O nome mais antigo que sabemos ter tido é o de calçada da Penha de França (desde 1710), passando alguns anos depois, ao tempo do terremoto, a ser designada por Caracol da Penha ou por travessa do Caracol da Penha.
Castilho, que na sua Lisboa Antiga [vol. IX, 2ª ed. p. 173] se ocupou desta serventia pública, diz-nos: « O próprio Caracol da Penha (que parece tão calado) se o interrogarmos, dir-nos-á que ainda em 1857 não era mais que uma estreita e pitoresca azinhaga, com foros de caminho de pé posto. Passar aí de noite, só Amadis de Gaula ou Ferrabraz da Alexandria; quaisquer outros mortais eram exterminados.
« Em sessão de 2 de Abril desse ano de 1857 (nos dirá o Caracol) recebeu da Câmara de Lisboa participação de haver sido aprovada pelo Conselho Distrital a deliberação tomada em 2 de Março antecedente, para expropriação de certo terreno afim [sic] de se começarem ali alguns melhoramentos projectados (Anuário do Mun. de Lisboa, 1857, n.º 33, p. 260).
« Em sessão de 10 de Dezembro, autoriza a Câmara o alargamento do Caracol, segundo a planta do engenheiro (Idem 1859, n.º 44, p. 361).
« Finalmente, em 11 de Julho de 1859 determinou-se que se anunciasse a arrematação da obra da muralha (Id., ib.), na estrada que trepa elegantemente aquela encosta a pino.»
As obras então ali feitas tiveram incontestàvelmente alguma importância, e por isso, em 1863, Vilhena Barbosa já nos dizia: « do lado oeste mostra o monte a sua maior altura com muito íngreme declive, por onde dantes subia o escabroso e tortuoso caminho chamado Caracol da Penha de França, que ora vemos substituído por uma bela estrada macadamizada, em zig-zag, orlada de árvores e iluminada a gaz» (Arq. Pitoresco, vol. VI, p. 71.).
No entanto não teriam de ser estes os últimos melhoramentos com que a Rua foi beneficiada, e assim, chegados a 1891, vemos a que a artéria tinha sido de novo alargada, se não em toda a sua extensão, pelo menos na parte que desemboca na Rua de Arroios. Neste ano, também, foi a rua crismada e da pitoresca denominação de Caracol da Penha passou, insìpidamente, a ter a de Rua Marques da Silva. Assim o determinou o edital saído a 5 de Outubro.
Perguntemos agora: Marques da Silva porquê? [...] »Luiz Pastor de Macedo, Lisboa de Lés-a-Lés, vol. IV, Pub. Culturais da C.M.L., Lisboa, 1968, pp. 52-54.
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