Para o problema da Villa Balzac sugeriu o amigo Réprobo metaforicamente que seguisse pista da Torre de Nesle. É uma hipótese… As indicações (vagas) que deu João da Ega (ou Eça) para achar o lugar e as razões que o levaram a fixar-se na solidão da Penha de França — «o silêncio campestre, os ares limpos, tudo ali fosse favorável ao estudo» — não dão para mais que uma vaga imagem do ermo que era a Penha de França, como sugere também o amigo Réprobo. Mas de tudo isto sobra-me 1 km de estrada rural — o velho caminho da Penha de França — mais as veredas e os quintais adjacentes para descobrir uma casota num recanto. O melhor que posso fazer é usar a imaginação e confirmar isso através do «Atlas da Carta Topográfica de Lisboa» de Filipe Folque, de 1858. Ou seja, estou como no tempo do liceu: conjecturando… Vê o benévolo leitor algum sítio plausível?
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Legenda: 1) Senhora do Monte (Monte S. Gens); 2) Cruz dos 4 Caminhos (fim da Rua da Graça); 3) Campo da Parada, actual Largo de Sapadores; 4) Início do Caminho da Penha de França, actual rua do mesno nome (sublinhada em amarelo); 5) Caminho de Baixo da Penha (no ponto onde hoje termina; desde aqui para N. foi suprimido pela construção da Av. General Roçadas); 6) Palácio dos Condes de Soure no Monte Agudo (onde actualmente é a Escola de Dona Luísa de Gusmão); 7) Alto da Penha de França (antigo cabeço de Alperche); 8) Terras da Quinta da Machada; ponto onde é hoje a Praça de Paiva Couceiro.
Filipe Folque, Atlas da Carta Topográfica de Lisboa, plantas 14, 21, 39, 1858. (Arquivo da C.M.L.)
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Ajeitado em 10/9 às 10h45.
De Bic Laranja a 11 de Setembro de 2007
Creio que o caro confrade pode ter razão. Talvez eu subissse da Angelina Vidal até onde foi a fábrica da Favorita, só por me fixar mais ao caminho da Penha; mas coincidimos na mesma encosta; e o mapa mostra uma vereda nessa encosta apontando aproximadamente ao lugar do mercado da Forno do Tijolo. Ainda assim creio que pode ter razão. Cumpts.
De O Jansenista a 10 de Setembro de 2007
Há três candidatos mais plausíveis: R. Angelina Vidal, R. Damasceno Monteiro e R. Heliodoro Salgado. Lembremos que se descia dos Quatro Caminhos, e portanto estava abaixo do nivel, relativamente plano, da cumeada que conduz à Penha de França (a actual rua do mesmo nome). Por outro lado, nas palavras d Eça, "Uma frescura de campos entrava pelas janellas abertas; e entreviam-se arvores de quintal, um verde de terrenos vagos, depois lá em baixo o branco de casarias rebrilhando ao sol", querendo esta última observação significar que havia uma vista a Sul, em direcção à actual Baixa (inclinar-me-ia para o início da Angelina Vidal, no ponto que está acima do actual Mercado do Forno do Tijolo).
De Bic Laranja a 10 de Setembro de 2007
Réprobo: O que diz está certíssimo. Obrigado eu por iluminar a questão! // Manuel: E frustrante. Neste caso não aprendo mais do que o autor quis dar a conhecer. // Cumpts. a ambos.
De
Manuel a 10 de Setembro de 2007
Interessantíssima demanda. Interessantíssima hipótese, a do nosso amigo Réprobo.
A tal vontade de entrar dentro dos livros.
Abraço a ambos.
É o dilema com que contavam todos os combinadores de brincadeiras que procuravam locais isolados: que o engenho dos curiosos não igualasse o seu. Abraço amigo, grato pela consideração da hipótese.
De Sara a 6 de Maio de 2013
Boa tarde
Antes de mais queria dar os meus parabéns ao(s) responsável pelo conteúdo existente neste blog.
Sei que esta publicação vai já com uns anos de avanço, mas queria aproveitar este tópico para colocar uma questão para que, eventualmente, alguém me saiba informar.
Tenho enorme curiosidade em saber a história de um edifício situado no início da Rua Angelina Vidal (do lado esquerdo de quem desce) que actualmente se encontra em ruína e ao abandono, sem que seja do meu conhecimento haver algum projecto de reabilitação/demolição destinado para o mesmo. Apresenta uma longa fachada e uma escadaria, ainda hoje utilizada pelos peões, que, presumivelmente, tentam evitar a rua de enorme tráfego e estreitos passeios para chegar à Rua da Graça ou ao Largo dos Sapadores.
É um edifício com uma longa vida pois é facilmente identificável em várias cartografias antigas (nomeadamente esta aqui apresentada de 1958, onde está o número 2).
Agradecia qualquer tipo de informação ou curiosidade, por mais simples que seja, acerca deste edifício que, infelizmente, nos é herdado em forma de ruína...
Cumprimentos
Obrigado pelo apreço e pela sugestão de pesquisa. Sei qual o edifício que diz mas não sei nada sobre ele. Se é o que vem representado na planta aqui, tem mais de 150 anos. Hei-de ver o que descubro.
Cumpts. :)
De Sara a 7 de Maio de 2013
Muito obrigada! Ficarei atenta para o caso de haver alguma descoberta :)
Cumprimentos
Boa tarde,
o edifício de que fala foi uma fábrica de discos de vinil durante os anos 80 do século passado. Posso tentar saber mais.
Obrigado,
Pedro Freitas
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