Imagine o benévolo leitor que a companhia do gás se intoxica e lhe factura o triplo...
Não! Não! Não!
Imagine o benévolo leitor uma civilização em que o preço unitário dum papo-seco seja achado, não em função do kg da farinha ou do pão, mas em função duma unidade energética potencial pela ingestão do papo-seco – p. ex. flexões de braços por minuto – calculada através duma fórmula rocambolesca que inclua os índices médios mensais de massa corporal da população, temperatura média em ºC na zona da padaria, arcos de curvatura dos pepinos eurocomunitários, algo assim, tudo somado ou ponderando.
Se consegue o caro leitor conceber uma civilização com tal avanço poderá já perceber porque é que os fluidos gasosos ditos naturais que fluem nas canalizações se vendem agora em kWh e não em m3. É em função disto que reguladoras ERSES, devidamente escudadas em civilizadoras directrizes bruxeleantes, lhes afixam (aos gases ditos naturais) o valor unitário. Dizem-me que é simples, por natureza.
Cheira-me que não.

Ui, linguagem demasiado técnica...
De Bic Laranja a 23 de Abril de 2010
Deve ser isto a transparência que ouço apregoar.
Cumpts.
Do mesmo modo a inteligência dos nossos governantes não se mede em Q.I.,mas em Kg...da cabeça de abóbora.
De Bic Laranja a 23 de Abril de 2010
Cabeça de abóbora com dentes de tubarão...
Cumpts.
De Luísa a 22 de Abril de 2010
Lá em casa ainda não há dessas modernices. Ainda se vai à bomba de gasolina comprar a botija, que também não há menina, nem menino do gás!
Mas... essa novidade é deveras interessante. Estava a rir-me da "curvatura dos pepinos" e juro que estiquei o pescoço para a frente quando vi essa dos KWH. No mesmo instante perdi a vontade de me rir.
Vivo na Europa, mas fora da Comunidade Europeia, não acho que por aqui seja um mar de rosas e há coisas que me parecem óbvias e que os nativos demoooooram a entender, mas essa... tenho sérias dúvidas que se faça uma assim, ou parecida, por estas bandas...
Saudações tristes e desiludidas com esse país
De Bic Laranja a 23 de Abril de 2010
Acha possível?... Parar a marcha da 'civilização'...
Cumpts.
De Carlos Portugal a 23 de Abril de 2010
Caro Bic:
Pois é, infelizmente, tudo serve aos escroques que nos impingiram como desgovernantes mais a sua camarilha para nos ludibriarem com pretensões de «modernidade» de labregos e «ciência» asinina, sempre com o fito de nos extorquirem mais uns cobres, para as suas ignóbeis actividades.
Na verdade, Caro Amigo, o gás dito «natural» é uma mistela de hidrocarbonetos não refinados, de aromáticos (com mau cheiro enxofrado, se quiser saber), de mercaptanas leves e, principalmente, metano, o célebre «gás das minas» que, misturado na proporção de 1/8 com o ar, forma o temível «grisú», que tantos mineiros matou e tem morto. É o que resta num poço de petróleo onde o dito esteja esgotado...
Assim, essa porcaria, com baixo poder calorífico (ao contrário do que apregoam) e que era queimado nos nossos poços de Pande, em Moçambique, como coisa nefasta, é uma das misturas gasosas mais POLUENTES que se conhecem (a sua queima produz óxido e dióxido de enxofre, entre outros mimos), para além de ser altamente explosivo (por isso é que as explosões de gás «natural» rebentam com tudo), o que levou a França do século XIX a proibir a utilização do gás «natural» de Lacq na iluminação pública e nos usos domésticos...
Mas, pelos vistos, o que era altamente poluente e perigoso no Século XIX, é agora muito ecológico e «natural» (o petróleo também o é, caramba!), peitoral, até, mais do que os rebuçados do Dr. Bayard... Ou seja, usam o termo «natural» para nos impingir aquela porcaria, ainda por cima aldrabando fortemente (como seria de prever) no seu poder calorífico (que é fraquinho e se deveria medir em quilocalorias, e não KW)...
Tomam-nos por parvos, do alto da sua insapiência de burgessos que julgam ter o mundo na mão. Pois, mas na minha casa é que essa porcaria não entra. Nem essa nem muitas outras na «moda», como as nefastas lâmpadas «economizadoras»... E subscrevo o comentário da Cara Luísa.
Cumprimentos.
De Bic Laranja a 23 de Abril de 2010
Cuido que tem razão. Quanto mais denso o esquema mais fácil é o ludibrio; de mais a mais com fórmulas que nenhum 'cidadão comum' (como apreciam dizer) é capaz de avaliar se estão erradas. Ninguém me convence da bondade de vender gás ao quilovátio.
Cumpts.
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