Tenho andado nestes dias com os Dispersos do grande olisipógrafo, o Eng.º Augusto Vieira da Silva. Li há poucos dias no vol. II um artigo «Gonzaga Pereira e a sua obra» (p. 137 e ss.) que serviu de prefácio aos Monumentos Sacros de Lisboa em 1833, manuscrito do dito Luís Gonzaga Pereira dado à estampa pela Biblioteca Nacional de Lisboa em 1927.
Luís Gonzaga Pereira (1796-1868) foi artista gravador — assim é citado por Raczynski em 1847 no Dictionnaire Historico-Artistique du Portugal —, foi desenhador e abridor de cunhos da Casa da Moeda. Numismatas e medalhistas dão notícias biográficas dele; Brito Aranha conheceu-o e aduziu também dados biográficos seus no tomo 16.º do Dicionário Bibliográfico Português, de Incocêncio F. da Silva. O interesse que Gonzaga Pereira tinha pela arte levou-o a deixar-nos o seu legado mais interessante: desenhos e descrições de edifícios e monumentos, mormente religiosos, e nota dalgumas riquezas artísticas que eles possuíam; Gonzaga Pereira refere-lhes o estado em 1833 e as alterações sofridas posteriormente à extinção das ordens religiosas.
Isto é o que nos diz o Eng.º Vieira da Silva. O leitor interessado, caso não tenha à mão qualquer dos volumes atrás mencionados, pode com proveito ainda assim saber mais pelo resumo biográfico publicado na página electrónica do Gabinete de Estudos Olisiponenses.
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Nestes mesmos dias, num dos últimos verbetes (que nada tem até que ver com o assunto) cruzaram-se alguns comentários a propósito dalgo que publiquei há mais de quatro anos sobre a Quinta dos Embrechados. Comentou o prezado leitor Attenti sobre o que se recordava e não recordava a propósito da tal quinta, aduzindo que do que não tinha ele a menor ideia era duma certa Azinhaga do Curral. Respondi um tanto à nora que da tal azinhaga nem eu sabia, sem prestar atenção à legenda da imagem onde eu próprio escrevera: "Quinta dos Embrechados [tomada da Azinhaga do Curral, que partia da Calçada da Picheleira, anos 60]".
Eis a imagem:
Foto: Vasco Gouveia de Figueiredo, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
E bom! Alertado pelo prezado leitor para a dita legenda, lá me justifiquei que devo andar precisado de rever o que aprendi, talvez relendo-me a mim mesmo, enfim!...
Que Azinhaga do Curral era esta, afinal?
Uma serventia sem importância. É assim chamada em 1908 na planta 13 L do Levantamento da Planta de Lisboa — 1904-1911; partia da Calçada da Picheleira (n.ºs 85-87) em direcção à Calçada do Teixeira, com cuja se ligava atravessando o fecho da linha de cintura [i.é, linha de convergência] que vai de Chelas a Xabregas.
Na dita planta 13 L identifica-se bem a azinhaga, ao centro, na descendente, sensivelmente a ⅓ da altura da planta; no meio das hortas identifica-se uma construção em L invertido: é o aqueduto que se vê na fotografia.
Quase que se poderia haver crismado a Azinhaga do Curral como Rua Direita do Casal do Pinto, tal foi o horror de barracas que se ergueram ao longo dela; tal qual uma pequena povoação.
Pois esta Azinhaga do Curral foi de facto crismada pela C.M.L. em 28/12/1956. Sabeis como?
Nem de propósito! — Rua Luís Gonzaga Pereira.
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