Quinta-feira, 23 de Agosto de 2007

Alegadamente

 Abstraindo para já do triste caso da menina atentai à gramática. «A Polícia Judiciária transmitiu…»: ora o verbo «transmitir», sendo transitivo, pede complemento directo; mas lendo pergunto: transmitiu o quê? Há ali algum complemento?
 Bem! Há um indirecto: os magistrados; mas não se percebe o que lhes foi transmitido. Só se dissessem «A Polícia Judiciária transmitiu aos magistrados &c. que acredita fortemente na possibilidade de blá blá blá».
 Há no texto da notícia um erro de concordância, portanto; o complemento directo não concorda em número com sujeito. A menos que o (a) jornalista ache que a Polícia Judiciária é um substantivo colectivo e force — alegadamente — por aí o plural.
 Ou talvez não saiba — alegadamente — contar…
 
 Que me lembre, este caso da menina inglesa — segundo os jornalistas — já foi rapto sórdido levado a cabo — alegadamente — por um luso-britânico; a menina já foi vista na Holanda; já houve um — alegado — pederasta suíço que morreu; os pais da menina já foram ao Papa e a Marrocos à procura; há dias um cão descobriu que a menina morreu; a — alegada — culpa passou para os pais; a culpa anteontem era dum amigo dos pais; ontem a menina foi vista em Espanha; hoje diz que houve um acidente dentro do apartamento há três meses…
 Há erros de concordância na notícia, portanto. Ou os jornalistas não a sabem contar. Alegadamente.

Escrito com Bic Laranja às 17:52
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8 comentários:
De Bic Laranja a 24 de Agosto de 2007
Srª Dª Maria: Agora disse tudo e eu subscrevo. Resta-me agradecer-lhe o seu comentário. Obrigado! // Réprobo: Etilizado, diz bem; doutra maneira não se entenderia esta gente. Cumpts.
De O Réprobo a 24 de Agosto de 2007
Não cesso de dizer para com os meus botões que se trata de uma confissão, construída a partir de uma corruptela popular, a que, por lapso, omitiram a letra "r", que é a minha inicial: queriam em todos esses casos significar "alegradamente", no sentido de contributo etilizado e etilizante. Abraço
De [s.n.] a 24 de Agosto de 2007
Ainda se fosse só isso... É com cada uma, nos jornais, revistas, televisões, etc., tanto no discurso oral como no escrito que, mais do que bradar aos céus, brada à própria galáxia, mas vendo bem já nada verdadeiramente espanta no País em que Portugal se transformou. E tem absoluta razão na observação que faz. E isso vem escrito num jornal por uma funcionária (jornalista?), agora quando se vê (ou lê) o modo como é feita a construção de uma oração ou frase em resposta a uma pergunta, por um ilustre professor universitário, ecritor, comentarista, articulista, bloguista, etc., num outro Blog, na qual coloca o sujeito a não concordar (de todo) com o predicado ou verbo, numa daquelas frases em que nem é possível alterar atabalhoadamente os elementos gramaticais que entram obrigatòriamente na sua composição para baralhar quem a lê, mas sem os quais ela torna-se quase ininteligível. Mesmo olhando de relance frases que tais, estes são (indesculpáveis) erros de palmatória e ainda por cima vindos de alguém que, pela idade aparente, terá obtido a sua instrução, da primária à universitária, no anterior regime e por consequência num tempo em que acabados os estudos quaisquer que estes fossem, se lia e escrevia correctamente a língua portuguesa... Temos então de partir do princípio, melhor, chegámos ao cúmulo em que ela já está TAMBÉM a ser abastardada por quem além de ter a obrigação de a conhecer profundamente TAMBÉM já a desrespeita escandalosamente, juntando-se em número àquelas inomináveis criaturas com responsabilidades ministeriais na elaboração dos programas escolares e nos que, hieràrquicamente acima destas, o permitem os quais criminosamente o têm vindo a fazer desde há trinta anos. Mas porque este era um dos vários pontos na agenda das prioridades a implementar com carácter d'urgência no País por quem o virou do avesso e porque todas as nossas gratas e nobres tradições teriam que ser varridas para o lixo da História e ainda porque o seu aspecto linguístico, isto é, o falar e escrever, já nem digo correctamente, mas bem a nossa língua, era uma das tradições por nós mais acarinhadas e sem dúvida nosso motivo de orgulho, teria ela também e obrigatòriamente que ir na enxurrada e porque todos os outros pontos já foram executados, um a um, este lá por ser o último (ou dos últimos) nem por isso tem sido levado com menor enlevo e empenho, antes pelo contrário, está a ser levado até às últimas consequências com um denoto a todos os títulos notável e de tal modo assim é que já quase não conseguimos discernir com rigor o que escrevem os jornais e revistas e dizem as televisões e quanto aos políticos, jornalistas e comentadores televisivos, para estes então é necessária tradução simultânea. Estão todos de parabéns: os que destruíram o País, os que abastardaram a língua portuguesa, os pseudo-ecologistas-maltrapilhos-drogados que fazem o jogo daqueles por quem ademais são contratados nos tempos livres para fazerem desacatos e fingirem que se preocupam com o ambiente, os icendiários - que provàvelmente são os anteriores executantes já que é impossível haver tantos perturbados mentais a fazer o mesmo desde há 30 anos (os que são apanhados em flagrante nunca são presos, se tanto detidos, os que o são, umas horitas para inglês ver) e que por sua vez não fazem mais nada na vida do que drogarem-se e ter este tipo de actividades paralelas e que por sua vez andam de país em país contratados e comandados por organizações semi-políticas, obscuras nos actos mas muito claras nas intenções e vice-versa, nos respectivos verões de cada um destes, a dar algum trabalho aos bombeiros (e rôdos de dinheiro aos donos das empresas que vendem as respectivas viaturas e aos proprietários das empresas d'aluguer d'aeronaves de combate aos fogos... mas estas contudo sem licenças para os combater como convém e que, segundo os responsáveis anunciaram, só estarão operacionais, isto é, munidas das necessárias licenças para levantar vôo, quando começarem as chuvas ou seja lá mais para o inverno já que outono quase não há, empresas estas que, indirectamnente claro está, estão ligadas a políticos e/ou gente com estes co-relacionada segundo notícias dos jornais do passado ano, gente esta que por sua vez quer tudo menos que os incêndios sejam extintos e quantos mais e maiores em dimensão houver tanto melhor, como é óbvio) e por fim todos os restantes actores medíocres desta trági-comédia a que vimos assistindo há décadas sob a batuta de fantoches manobrados à distância e que são, desgraçadamente para todos nós, quem põe e dispõe do País e do Povo marcando uma agenda político-mediática embrutecedora, diabólica e paranóica dia sim, dia sim no parla-vento de S. Bento, nas televisões, nos jornais e revistas deste infeliz País. O fim que eles almejavam para o País está em fase de conclusão. Os fazedores desta obra-prima, deste autêntico primor, merecem que lhes seja atribuída a mais alta condecoração honorífica do 'estado português' e conjuntamente o prémio Camões e Pessoa ex aequo a todos eles sem uma única excepção. Foram de um brilhantismo inexcedível e digno dos maiores encómios. Maior destruíção de um país em menor tempo útil era pràticamente impossível de ser alcançada por quem quer que seja e eles conseguiram-no com sobras. Estão portanto triplamente de parabéns. Fizeram obra.
Cumprimentos e pela minha parte agradeço-lhe os assuntos que aqui vai trazendo.
Maria (mas não a Maria sua colega administradora de um Blog, creio).
De Bic Laranja a 23 de Agosto de 2007
Verdade Dª Maria. Mas será possível perceber um argumento tão mau e tão mal escrito? // Alegados inocentes?! Caramba, Manuel! // Cumpts.
De Manuel a 23 de Agosto de 2007
E d'"os alegados inocentes" [expressão ouvida há tempos julgo que na rádio], o que se poderá dizer a respeito? :)
É uma classe povoada de mentes brilhantes, a dos jornalistas.
Abraço
De maria a 23 de Agosto de 2007
Então não sabe que, alegadamente, os erros, de sintaxe ou de ortografia já não importam para nada? Nem o conteúdo das alegadas notícias, desde que a história venda bem.
De Bic Laranja a 23 de Agosto de 2007
Provavelmente ninguém. É um risco confiar nestes espalha brasas. São capazes de pegar fogo a quem não deviam. Cumpts.
De Carlos Portugal a 23 de Agosto de 2007
Ou seja: É uma história muitíssimo mal contada. Resta perguntar quem é que estão a encobrir...

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