«He de saber que o boo cavalgador deve concordar seu assessego [=à vontade no cavalgar], segundo ja disse, com a obra que a besta faz [...]» (*)

Uma cavalgadura de nomeada que dá pelo nome de Bichara ou algo parecido desembestou-se com mais umas milongas na defesa de... — Do que havia de ser, senão o covarde e estúpido abrasileiramento da grafia do português com que vermes intestinais e aleivosas criaturas que esvoaçam em torno da luz procuram amesquinhar o que resta de Portugal?
No Dia Online («O Acordo por dentro e por fora», 3/9/2011) escreve o parlapatão, curando dourar a lama:
« [...] Em poucas palavras, se pode dizer que o Acordo de 1990 participa de muitas das qualidades atribuídas à reforma de 1911, que alimenta as Bases do sistema de 1940 que, por sua vez, derrama seus bons frutos em nosso tão apedrejado Acordo de 1990. Quem se detiver a, pacientemente, comparar lição por lição as Bases de 1940 com as Bases de 1990 vai poder acompanhar, quase passo a passo, a mesma redacção, surpreender os mesmos exemplos...»
Os mesmos exemplos... Com tão indigente decalque está justificado o descabido exemplo de «aflição» na Base IV do Acordo de 90, a tal que manda às urtigas as «consoantes mudas» porque os moucos acorditas as não conseguem ouvir; como se em 1990 ainda alguém escrevesse «afflicção» em português de 1911 e precisasse de ser acordado!...
Mais adiante estriba-se na pronúncia (ou será purnúnsia) para sustentar a nova escrita unificado-facultativa:
« [...] o Acordo Ortográfico aconselhou não continuar com a dupla "Egito" e "Egipto", porque, grafias assim de uma mesma realidade da língua, já que ambas formas têm uma só realidade linguística, as pronunciamos da mesma forma [...] Mas, diante de facultatividades e realidades linguísticas diferentes, como "António" e "Antônio", "bebé" e "bebê", "acessível" e "accessível" [sic], entre tantas outras, não poderia fugir às duplas pronúncias [...] »
E assim, para não darem as azémolas luso-fônas com os burrinhos na água por não saberem português vamos [haveríamos de] ter de encafuar no ridículo Egito toda a Egiptologia, seja obra de egiptólogos egípcios ou não, sem esquecer a Egipcíaca Santa Maria?!... Tarefa por demais inglória porquanto do Antônio do assentamento de Maria Preta, ao Zé António da Aldeia dos Trinta, não há-de haver palavra que em português não tenha duplas, triplas, óctuplas, ou mesmo mais pronúncias. A menos que sejem purividas algũas d'eilhas, como deveria ser aquele bicharesco e bárbaro «accessível», a coisa não se faz por menos.
Este Bichara é uma cavalgadura, um mentiroso que já desmascarei aqui. Cabotino, não só ignora boçalmente a realidade do português fora do Brasil (erro que o manhoso Houaiss não cometia), como anseia em desepero de argumentos encarrapitar o trôpego acordo de 90 pela colagem à sempre enaltecida reforma de 1911.
— Pois saiba, SUA CAVALGADURA, que nem a reforma ortográfica de 1911 foi a maravilha que se para aí diz (foi mero acto de afirmação de regime), nem nunca nela se propunha a supressão a esmo e a eito das consoantes etimológicas. Lesse vossemecê a lição de Gonçalves Viana, que foi seu relator, e saberia.
— Instrua-se, sua besta! Aprenda!

Gonçalves Viana, Ortografia Nacional, Livraria da Viúva Tavares Cardoso, Lisboa, 1904, p. 73.
(E ainda se arroga o asno propor melhorias para as ortografias inglesa, francesa, espanhola, italiana e alemã.)
(*) Livro da Ensinança de bem Cavalgar Toda Sela, p. 49.
(Revisto às vinte para as onze.)
De Luísa a 5 de Setembro de 2011
Devo dizer que desconhecia a palavra "accessível"...
E haja arrogância, propor alterações para as outras línguas... Ele é doutor nas outras lúnguas todas?!?!
Se os suíços vivem bem com o sue alemão diferente do da Alemanha e da Áustria, com o seu "huitent un" (não sei sei se se escreverá exactamente assim) em oposição ao quatre-vingt-un da vizinha França, entre outros exemplos que também abrangem o italiano acima e abaixo do lago Maggiore. Diferenças que vão da "simples" ortografia à criação de novas palavras, influenciadas por outras línguas, passando pela sintaxe e pela semântica...
Isto sem falar no inglês e nas suas milhentas formas, porque isso toda a gente menciona...
Quem é ele para vir dar bitaites sobre outras línguas?!?!?
O senhor não é Bichara, está é chalupa... e nós temos que o aturar... :S
Eu não o aturo. Esporeio-o, como a besta que escoiceia.
Cumpts.
De João Amorim a 5 de Setembro de 2011
caro Bic
Basta-nos pasmar pois o acordo está em velocidade TGV já nas escolas. Que carga de água havia de cair na cabeçorra dos socialistas iluminados que acharam que o futuro da língua dependia do nº de falantes. Mas alguém pode explicar a esses coisos que a língua é um património e sua alteração deve ser calma e pacífica como a queda de água numa mina?Desde quando os ingleses se preocuparam com os seus Ph? Ficamos todos mal na photografia.
De VSC a 5 de Setembro de 2011
Os pais e cada professor devem protestar e oporem-se.
Fica muita gente mal; mas não os que se alvoroçam. Mas isto parece que só já vai à bofetada.
Cumpts.
De VSC a 5 de Setembro de 2011
Sigo com gosto os seus posts » sobre o «acordo» e apenas lamento que dê a coisa por certa. Não vamos todos ter de encafuar nada e dar por certo o que se quer incerto é dar uma vantagem ao «acordo» e sequazes.
Há, além da ILC, tribunais nacionais e internacionais que julgarão este acto de agressão cultural de um estado contra os seus nacionais, mudando a ortografia de dezenas de milhares de palavras, tudo em nome de parolos sonhos de grandezas.
E, ao mesmo tempo, o direito de resistência do Povo Português. Deixe o modo indicativo para coisas mais certas : por exemplo, o fim deste «acordo».
De Paula a 5 de Setembro de 2011
Deixo-lhe aqui a 1ª parte deste vomitado de disparates, sendo que a das criancinhas portuguesas é a minha frase favorita.
http://odia.terra.com.br/portal/opiniao/html/2011/7/evanildo_bechara_fontes_da_reforma_ortografica_179805.html
De euro-ultramarino a 5 de Setembro de 2011
Brilhante, como sempre, meu Caro Bic. Houve tempos, não muito remotos, quando havia governantes que consideravam a Nação um património moral e material - incluída aí a Língua -, herdado dos "nossos maiores" que o construíram, e cuja defesa impunha-se sobre sobre tudo mais. Há 37 anos o que resta de nossa Pátria foi transformada em simples mercearia, e de segunda ou terceira. Agora, o que resta, mais para albergue espanhol, será devida e troikamente liquidado. As bestas cornudas e os abutres de costume investem vorazmente contra os últimos vestígios de identidade, de herança, de tradição... a Língua. Quanto a mim, pobre de mim, resistirei até ao último sopro que Deus me conceder e me não vergarei a abortos ortográficos de nenhuma espécie, especialmente quando estão desenhados para agradar a brasucas, justamente os tais que fizeram o nosso Idioma sair, não da boca, mas de outro orifício. Não vou receber lições de Bicharas e quejandos ou de autores de pérolas como "deixa eu tchi falá pra vôcê", "ele mi falô pra mim", etc.
Obrigado pelo postal e pelo incessante combate.
Um abraço amigo.
Obrigado eu pelo estímulo. Bem sabemos que Portugal acabou (acabaram com ele). Apenas sucede que ainda há alguns Portugueses.
Cumpts.
De FERNANDO C. a 5 de Setembro de 2011
Parabéns pela coragem;não posso estar mais de acordo consigo.
Cumprimentos.
De [s.n.] a 6 de Setembro de 2011
Não podia deixar de estar de acordo com tudo o que escreveu.
Há duas coisas que me arrepiam (para além de muitas outras) nesta autêntica brincadeira de adoptarmos a fala dos brasileiros nos seus variados e estranhos termos (para nós, claro) linguísticos e agora, horror dos horrores, na fonética também, visto que retirando certas consoantes mudas a determinados vocábulos estes têm que forçosamente ser pronunciados com a vogal precedente fechada. E isto é contra todas as regras gramaticais do português, seguindo as normas instituídas por insignes linguistas, estes sim, verdadeiros mestres da nossa língua materna. E para quem respeita o português tal como nos foi legado, não obstante as lentas e naturais alterações sofridas ao longo dos tempos, esse facto é inconcebível no português de Portugal. Se os brasileiros adoptaram essas normas linguísticas, isso não nos diz respeito e é lá com eles.
Mas, por favor, que não sejam importadas para a terra que lhe deu origem e que prima pela seu aperfeiçoamento sempre e quando tal se imponha.
Outra coisa que me irrita solenemente no léxico brasileiro (e note-se que eles estão no seu direito, foi assim que normalizaram a língua na sua terra) é, pelo menos na oralidade, trocarem as pessoas dos verbos, verbalizando estas na segunda pessoa do singular (ex.:tu) e aqueles na terceira pessoa do plural (ex.: vai) e isto numa única proposição!
As grandes inteligências que obraram o AO querem transportar para Portugal esta linda forma de nos expressarmos!!! Ou seja, não respeitarmos de todo em todo as regras gramaticais correctamente instituídas em Portugal. E outra aberração no dialecto brasileiro, é essa coisa estranhíssima de na mesma frase empregarem o "tu" e o "você" relativamente ao sujeito da acção! Os obreiros do AO devem considerar semelhante disparate a coisa mais natural e correcta do mundo... Claro que para os traidores da língua será, mas para nós, os que respeitamos a língua em toda a sua grandeza, é absolutamente inadmissível.
Verá que pelo andar da carruagem o que os promotores do 'acordo' vão fazer mais tarde ou mais cedo, é estatuirem por decreto-lei a adopção deste horripilante léxico (e porventura igual grafia - embora deva dizer-se que no Brasil isto só é praticado por pessoas menos instruídas, porque os brasileiros cultos sabem escrever e falar correctamente), com o pretexto cínico e hipócrita de que o léxico e a fonética 'à moda brasileira' facilitam a aprendizagem do português por parte das criancinhas, coitadinhas delas... O que os traidores se propõem fazer mais não é do que dar uma machadada final naquele que é o único bem sagrado que nos resta (o último bastião que lhes falta derrubar), como povo independente e orgulhoso dos seus Maiores - afinal aqueles que nos legaram esta lindíssima língua que amamos e acarinhamos há quase mil anos.
Criminosos é o que todos eles são. Não tem outro nome quem, por pura maldade e ódio ao povo português, tenta destruir por todos os meios ao seu alcance algo que nos pertence e nos honra sobremaneira, tanto ou mais quanto a terra onde nascemos.
Mas este sentimento sagrado, os apátridas e traidores jamais compreenderão. Eles, porque lhes está na massa do sangue, só conhecem e praticam um desde que nascem até que morrem, a traição.
Maria
O desacerto nos pronomes tem nome: crioulo. Aquilo não é português.
As etimologias, do que vejo, são mais desprezadas quanto maior o analfabetismo nas nações. Sucede que o analfabetismo foi sempre menos em nações que, por séculos, menos remexida trazem a orthographia: as de língua francesa e inglesa. Donde se demonstra não ser a orthographia causa nem razão de analfabetismo. Quando nas nações de mais analfabetos vejo os intelectuais proporem-se acabar com o analfabetismo simplificando a escrita - como os republicanos portugueses em 1911 e este Bichara agora com a conversa de que as criancinhas portuguesas lhe ficarão agradecidas pela supressão do pê do Egipto ("O Dia Online", 23/7/2011) - o que concluo é que esses intelectuais de pacotilha não passam de letrados mais estúpidos e perigosos do que os seus analfabetos e iletrados compatriotas. Eles não percebem os dados do problema e, obrando em esplendor na sua esperteza saloia, apenas conseguem reciclar analfabetos em futuros "analfabetos funcionais" (que descontando o chique dá no mesmo), minando a cultura dos vindouros ao mesmo tempo que matam a dos antepassados.
Estes pseudo-intelectuais são criminosos, são. Roubar o passado e o futuro a nações ancestrais é o seu crime. E a estes que nos calharam na rifa nem a estupidez dos parvos serve de atenuante. Serem traidores a soldo é outro crime a somar.
Cumpts.
De Luísa a 8 de Setembro de 2011
Desculpe, cara Maria, mas não está completamente certa em relação ao linguajar das pessoas do outro lado do Atlântico... não é "tu vai", é "cê". Mas o que me arrepia MESMO é o "mas" e o "mais". Eles são completamente ignorantes e somam onde querem "subtrair". Do género: "Mais cê vai trabalhar?" (mas tu vais trabalhar?) Primeiro que eu "aprendesse"... um inferno, os meus olhos até se "trocavam" para ler uma mensagem escrita."Mais" o mais assustador... é que as mensagens eram de gente que "fez faculdade"...
Arrepiante! :S
De
tron a 7 de Setembro de 2011
as alterações feitas a língua de Camões em 1911 e 1940 foram feitas sobretudo com o objectivo de facilitar e tornar o mais português possível, o chamado português europeu.
Na tal gramatica do tempo do Estado novo que já mencionei aqui vinha lá a explicar as saídas de letras que voltaram a entrar há pouco tempo (k,w e y) e porque letras seriam substituidas, além disso esta alteração em especial de 1940 tornou os estranjeirismos mais fáceis de serem escritos. Exemplo antes da alteração de 1940 se escrevia Foot-Ball (e até que se escreveu assim durante bastantes anos) e pós-1940 se passou a escrever Futebol
Como já deixei escrito, reformas destas não facilitam nada. São escolhos que só estorvam o acesso ao conhecimento do passado. São a mortalha do idioma português.
Cumpts.
De
tron a 8 de Setembro de 2011
Dou-lhe toda a razão, mas hoje me saltou a tampa ao ouvir num dos telejornais que vão ensinar aos miúdos da primária e não só o aborto ortográfico, depois não se admirem que se diga assm: "De FATO a Lua é um dos maiores satélites naturais do sistema solar. Resposta: De Fato? Não ficaria melhor de calças de ganga"
De [s.n.] a 8 de Setembro de 2011
Outro acontecimento inadmissível e criminoso, dado o escandaloso ataque (mais um) à nossa cultura, de que a língua portuguesa é a sua principal vítima, é a autêntica vergonha de todas as televisões passarem diàriamente, desde o princípio da tarde até às tantas da madrugada, novelas brasileiras, umas a seguir às outras sem interrupções e quando a história de uma acaba, começa outra de imediato e isto acontece desde que a farsa democrática assentou arraiais em Portugal. Claro que todas estas manobras subreptícias e sujas tiveram desde o seu início um objectivo específico: prepararem os portugueses, sobretudo as crianças e os jovens (e todos estes as vêem) mediante uma sistemática visualização das mesmas, a aceitar sem protestar, até pela habituação, processo este cientìficamente estudado que lhes é propositadamente incutido há dezenas d'anos, o dialecto brasileiro. E os portugueses, sem se darem conta da pulhice que lhes tem vindo a ser preparada nas costas desde o início da 'democracia' e sem voto na matéria - como aliás nunca o tiveram em tudo o que de transcendente, política, económica e culturalmente lhes tem sido imposto com força de lei - vêem, já sem reacção ou luta (com honrosíssimas excepções) o culminar da traição à sua língua através do indigno AO.
Como hoje li de passagem (ainda não comprei o jornal, que não dispenso) num título de capa do jornal O Diabo, os portugueses deveriam recusar-se a adoptar o AO.
Parabéns duplos a quem tão ajuízada quão assertiva opinião proclama alto e bom som sobre esta inominável temática. Sem medo dos impostores e dos traidores. Alguém que fala assim terá indubitàvelmente voto na matéria. É justamente esta corajosa atitude que todos os portugueses de bem terão que tomar ràpidamente. Antes que o respectivo diploma seja votado na Assembleia da República.
Mas isto das novelas brasileiras em catadupa tem mais do que uma finalidade e essa outra, obscura e vergonhosa, creio que toda a gente com princípios morais e cívicos bem enraízados já terá detectado há muito. Aliás ela está à vista desarmada.
Muito obrigada pelas suas sempre sábias palavras.
Maria
As telenovelas são outra mortalha, mas não só do idioma. São-no da ovelhada toda.
O «Diabo» é o único jornal além do «Público» que tem denunciado veementemente toda esta desgraça, honra lhe seja.
Cumpts.
De
tron a 16 de Setembro de 2011
esta gramática me foi oferecida pela minha mãe quandof eu fui para a 4ª classe, a edição que eu tinha era de 1940 ou algo perto disso
De Bic Laranja a 16 de Setembro de 2011
Cumpts.
De
tron a 17 de Setembro de 2011
uma reedição de 1940 que me foi muito útil e nunca esqueci o jeito que ela me dava
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