De Manuel Ramalhete a 18 de Novembro de 2011
Não me conformo com o acordo ortográfico e vou usar o meu direito à indignação. Em toda esta trapalhada, a palavra "acordo" é apenas um eufemismo porque correcto é definir isto como uma capitulação! Assim mesmo sem medo das palavras. Tomo a liberdade de dar a palavra a alguém que tem vastos conhecimentos para falar deste assunto. Trata-se de um professor que já dobrou o cabo dos 80 anos de idade e que vê agora na nossa frente um tenebroso cabo das tormentas, onde a Língua Portuguesa vai sofrer um grande rombo. Com a devida vénia, vou citar algumas passagens de o "PREFÁCIO DA INDIGNAÇÃO E DA RECUSA" da autoria de Alfredo de Jesus Farto, licenciado em filologia românica pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa, com nove anos de latim do Curso Superior de Letras Clássicas da Companhia de Jesus S. J. e com vastos conhecimentos de outras línguas mortas e vivas: «Só visto aqui, neste quadrilátero banhado pelo Atlântico; só visto aqui, em sumidades rastejantes sem um pingo de vergonha; só visto aqui, onde às regras da evolução linguística foi adicionada mais uma por quem de filologia, demonstrou que dela não entende patavina: a norma (?) de que a língua portuguesa também passa a evoluir por decreto! Só visto aqui! Bacocos!»
«Reparem na língua inglesa. Já calcularam o número de anglófonos existentes na face do Globo? Será que a velha Albion vai suprimir uma letra sequer de qualquer palavra do seu vocabulário se, por acaso algum dia, uma área desse linguajar divergir da forma padrão? Será que algum dia irão eliminar da palavra thought (pensamento) os fonemas G e H não pronunciados, só porque numa ou mais áreas anglófonas propinam essa supressão? A tal não se irá rebaixar a ilha, e é por isso que em muitos filmes americanos, projectados em cinemas ingleses, surge o aviso: “Com legendas em inglês”. Sem mais nem menos. Orgulhosamente.»
E, mais adiante:
«E qual o supremo argumento em que se alicerça este mirabolante acordo de capitulação linguística? Em que tais consoantes já se não pronunciam ou deixaram de se pronunciar. Que insofismável axioma! De mestre! Porém, daqui a alguns anos, como será a prolação dessas palavras? É o caso de prolação. Quem a conhece, sabe que deve dizer-se “prolàção” (com a aberto) e não “prolâção” (com a fechado) Irá dizer-se então, seguindo a mesma lógica, “sètôr” ou “stôr”? “Àção” ou “A São” ? (…)»
Tenho pena que o espaço concedido para o comentário não possa comportar mais citações, porque muitas mais mereciam ser trazidas à colação.
Por mim termino, parafraseando uma expressão muito em voga nos dias de hoje: Tirem-me deste filme, por favor! As leis também podem ser revogadas. Acabem com o pesadelo!
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Nota: Se eventualmente existir algum erro nas passagens citadas, desde já peço desculpa ao seu autor.
De Bic Laranja a 3 de Dezembro de 2011
É capitulação. Não há sombra de dúvida.
A citação vem muito a propósito. Desafortunadamente os agentes da capitulação só querem saber de umbiguismo, não da pátria.
Cumpts.
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