O último troço da Rua do Sol a Chelas que ainda não foi desfeito - que por acaso é o primeiro pois a rua começa na Estrada de Chelas - é o dos putos aí abaixo; despega-se da dita estrada para poente; resta um pedaço entre aquela estrada e a linha de fecho da cintura ferroviária (a do Túnel da Bruxa) que vai de Chelas a Xabregas.
Aqueles cachopitos estão ali a meter-se com o homem lá adiante: da cantilena que lhe estão a atirar adivinho alguma alcunha pouco honrosa cheia adjectivos menos próprios. Dos gestos que lhes vejo e do que conheço do género autóctone daquelas paragens a pantomima deve ser uma berraria de impropérios repetida até fartar. Se o homem lhe dá de inverter a marcha para lhes dar caça, imagino os putos desatando a fugir por aquela ribanceira acima. O homem há-de desistir logo ali da caça. Dá impressão que vai para o trabalho e não se irá meter pelas terras. Faz o ameaço para os espantar e chega. Os putos ainda hão-de gritar alguns impropérios desde cima da ponte mas logo se põem em caminho da estação de Chelas ou do túnel de Xabregas; qualquer dos lados dá mais aventuras certas...
Subir por aquelas terras para a linha do comboio era uma tentação...
Viaduto Ferroviário [da Rua do Sol a Chelas], Lisboa, [1961].
Artur Goulart, in Arquivo Fotográfico da C.M.L.
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