O fado Mouraria cantado por Amália é qualquer coisa! Como pràticamente todos os seus fados. Não tanto pelas letras/poemas, embora também, mas muito principalmente por aquela voz extraordinária e inimitável, carregada de sentimento e nas mais das vezes de profunda dor. Uma vez ouvida é impossível ser esquecida.
Maria
É agradável receber um comentário assim a propósito dum verbete que já tem uns anitos. O mérito é de Amália, porém. E dos compositores, é justo que diga.
Não sou nada entendido em fado, em Amália, ou algo que se pareça. Mas talvez não erre em que o fado lá naquele verbete quase esquecido é a versão mais badalada de Ai Mouraria. Salvo erro, uma gravação num L.P. de 1965 (Fado Português). Nota-se-lhe ali, a Amália, a voz com aquele timbre seguro e maduro com que a reconheço de sempre. Quando crescemos e tomamos um contacto mais ou menos alheado com o que nos há-de moldar no que somos é como se o que apreendemos tivesse sido sempre assim, e assim houvesse de continuar a ser. Com a voz de Amália dá-se isso. Aquela voz, naquele timbre firme e maduro daquela gravação de Ai Mouraria é a voz de sempre.
Sucede que nada é para sempre e que há sempre um antes e um depois. Do depois não quero falar. O tempo, que tudo corrói, desencantou a voz a Amália. Compensou-a como faz aos heróis, fez de si um mito. Mas é o antes que me traz o encanto do mito. Foi Deus, numa gravação lá do tempo das 78 r.p.m. (cá está: o tempo dos heróis; a idade de oiro), que eu ouvi nos anos 90 numa colectânea dos anos 80, que me fez perceber o encanto e a razão do mito: a voz brilhante de Amália em nova.
Há meses resgatei do iTunes (prodígios da técnica que ajudam hoje a estribar verdadeiros e falsos mitos), pelo equivalente a 800$00, uma colecção de mais de meia centena de cantigas de Amália. Uma boa quarentena é da idade de oiro das 78 r.p.m.. Não quero fazer publicidade, em todo o caso ponho no pick-up esta gravação de Ai Mouraria, acompanhada à guitarra e ao piano, como acontecia ao fado antigo.
(Imagem revista em 7/VIII/22; a gravação é da brasileira Continental, de 1945.)
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