De Costa a 7 de Março de 2013
Receio bem que se não engane. Se em tempos de (infundada, parece) abundância tais tesouros - ou simples dignas memórias de um tempo (e o que interessa isso a um povo que quer é modernidade de aço inoxidável e "pogresso"?) - eram arrasados, ou apenas deixados paulatinamente a apodrecer, em favor do novo-riquismo e ganância dos bandos de patos-bravos, e do deslumbramento das massas ignaras, agora, por estes longos dias de chumbo do Glorioso Desígnio da Descida Patriótica à Miséria, apodrecerão por simples falta de verba de parte do seu proprietário. Verdadeira ou muito oportunamente alegada.

Ou, se confiados à coisa pública mais estritamente tomada, perder-se-ão nas andanças entre ministérios, direcções-gerais, institutos disto ou daquilo, cada um dizendo que é ao outro que cabe a sua conservação. E sempre sem um responsável a quem pedir contas.

Um dia, admissivelmente, a crise passará. Muito apropriadamente surgirá um projecto de torre de escritórios de prestígio ou andares de luxo, ou isso tudo. Por essa altura, reduzido a ruína, a despesa de demolição do palacete será afinal mínima O que é muito conveniente. Alguém, claro, enriquecerá ainda mais.

Até lá, enquanto for conseguindo barrar a chuva, o vento e atenuar o frio, servirá de abrigo a gente caída na miséria. Por verdadeira e involuntária desgraça, ou daquela cujas seringas pagaremos nós... Talvez sejam grotescamente emparedadas portas e janelas, como medida de recurso. Quem sabe até essa utilização proporcione um afinal bem útil incêndiozito que lhe enfraqueça a estrutura. É cruel escrevê-lo, talvez, mas é (será, muito provavelmente) assim.

Tudo decorrerá, de uma forma ou outra, na esperada normalidade portuguesa.

Saudações,
Costa
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