O mapa em baixo tem mais que se lhe diga, mas aqui vão apenas duas curiosidadezinhas.
Uma, a Estrada de Sacavém, que tanta curiosidade me desperta e tanta história tem. A história é a das hortas e dos retiros, esses sítios de romagem castiça dos alfacinhas na Lisboa doutras eras, bastamente conhecida e numerosamente publicada. A minha curiosidade, porém, é muitas vezes geográfica:
Pois no mapa temo-la bem marcada a verde no troço além da Rotunda do Aeroporto. Das referências viárias, legendadas à máquina, cuido que deduzirá sem equívoco o benévolo leitor por onde seguia, até, e além do aeroporto da Portela. Quem bem procurar no terreno pode ser que ache hoje alguma coisa que dela sóbre. Em sendo o caso, por favor não se esqueça de nos dar notícia cá.
A segunda curiosidade é relativa a dois lugares bem assinalados no mapa: a Portela de Sacavém e a Encarnação.
Se perguntarmos hoje a alguém onde é a Encarnação, dir-nos-há toda a gente que é lá, a baixo do aeroporto, onde há uns bombeiros, onde foi feito pelos anos 40-50 um belo bairro de casinhas de bonecas. E está certo.
Da mesma maneira se perguntarmos onde é a Portela, responder-nos-hão sem hesitar que são umas grandes torres construídas nos anos 70 a cima de Moscavide, além já do perímetro da cidade de Lisboa.
Todavia, não é em nenhum destes locais que o mapa nos indica os dois lugares.
A Encarnação eram meia dúzia de casas numa encruzilhada de caminhos onde depois fizeram uma ampla rotunda e posteriormente um complexo lacete de estradas com umas umas modernas bombas de gasolina para quem se fazia à (ou chegava pela) auto-estrada n.º 1. Sucede que a esse lugar hoje chamamos vagamente RALIS ou nó do Prior Velho, conforme a Leste ou Oeste da auto-estrada. E o nome Encarnação desviou-se para o lugar da Panasqueira, segundo o mapa de 1940.
A Portela, por seu lado, era um lugarejo que desapareceu por completo com a construção do aeroporto que lhe herdou o topónimo, mas que hoje o quase não ostenta. Ficava rigorosamente entre a novíssima Av. da Cidade do Porto, rasgada a partir da Rotunda do Relógio, e a aerogare (hoje terminal de partidas). E vede lá a onde foi dar o nome deste lugar, Portela de Sacavém: pois fora de portas, ao concelho de Loures.
Comum a ambos os desvios geográficos: a construção de bairros novos e o seu baptismo com usurpação de nomes das adjacências que, em rigor, lhe não pertenciam. Quem cauciona esta prática? A fugacidade e o fraco rigor da nossa memória.
C.M.L./A.M.L., Projecto geral do Aeroporto da Portela de Sacavém (1935-40), 78/DMPGU, p.127.
(Revisto ás 10h25 da manhã de 28.)
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