O Prof. Hermano Saraiva arranja-nos cada uma. Na Ásia havia uma civilização superior e em África os jesuítas consideravam os negros sem alma. Afinal, a quem é que os portugueses levaram a civilização e religião cristãs.
Em África, praticamente até meados do séc. XIX, as possessões Portuguesas, bem se poderia dizer, não seriam 'lá muito católicas': comércio de escravos, trabalhos forçados, colónias penais de degredo e pouco mais. Pois, era a prática 'global' da época. A construção de Igrejas, por aquelas paragens, só vieram a acontecer, a partir dos finais séc. XIX.
Condimente aí esse globalismo monolítico do trato negreiro. Havia mais comércio e havia mais mercadores no tal trato… E havia, a par deles, o trato das almas.
Em 1485 o rei do Congo (conta Resende), mandou pedir a D. João II que lhe mandasse logo frades e clérigos e todas as coisas necessárias para ele e os de seus reinos receberem a água do baptismo. A diocese de Angola e Congo remonta ao fim do séc. XVI. Teve sede em S. Salvador do Congo e fixou-se no séc. XVIII na Igreja de Nossa Senhora dos Remédios de Luanda, começada em 1651, três anos após a expulsão dos holandeses de Angola. Que teriam eles lá ido fazer?…
Em 1681 o rei do Monomotapa pedia ao rei de Portugal o envio de jesuítas para missionar as populações. Por 1730, o dominicano Frei Simão de S. Tomás evangelizava os reinos do interior de Moçambique com boa sementeira de almas.
O séc. XIX? Foi quando certas nações, industrializadas, puderam prescindir a mão-de-obra escrava e resolveram firmar a bota em África na cobiça de matérias primas. Aí, sim, começou a evangelização de África!
Há agora umas coisas. Até lhe dão um nome estrangeiro — «sound bite», comummente escrito errado «soundbyte. — Chavões. Mordidinhas de jornalistas e ignorantes (passe a redundância) em assuntos vastos que passam por verdades inteiras com a maior ligeireza. Colam-se aos ouvidos, parece. Enfim! Também na minha resposta são meros exemplos. A História da missionação portuguesa tem muito mais que contar. Mas, como diria a minha mãe, para «sound bite», «sound bite» e meio. Obrigado!