Domingo, 25 de Junho de 2017

Autocarro de porta atrás, Largo das antigas Portas de Algés, 1966.
Augusto de Jesus Fernandes, in archivo photographico da C.M.L.
[J.C.B.] — Já aqui contei, mas não resisto a revisitar a memória (no caso a má) destes autocarros. No Largo do Saldanha, agarrado ao varão, quis sair em andamento para fazer estilo para as meninas na paragem; pé em falso e aterrei de "trombas" aos pés das mesmas, para sua risota e gozo. Saí pela esquerda baixa, a tentar recompor o ego amarfanhado. Ou a alma...
[JOE BERNARD] — Estes já não prestavam, não se podia entrar nem sair em andamento!

Autocarro de porta à frente, Cabo Ruivo, c.1962.
In «Coisas da Aviação».
De [s.n.] a 26 de Junho de 2017
Se foi só o trambolhão até teve sorte. Pois fique a saber que com um dos meus irmãos aconteceu algo parecido mas com piores consequências. Eles eram todos uns terroristas que só visto e especialmente um dels com a mania de se pendurar nos eléctricos a imitar outros miúdos mais traquinas que também o faziam. Resultado, um dia o meu irmão ficou com o pé debaixo da roda de um eléctrico, graças a Deus que só lhe apanhou parte dos dedos, esmigalhando-lhe um deles. Sempre pensei que ele talvez tenha sido empurrado por algum dos outros 'penduras'. Eles eram todos pequeninos e penduravam-se à vez e tinha que haver lugar para todos e quando já não existia um espacinho para mais um se apoder garrar... o mais próximo era empurrado.
Podem imaginar o que o meu Pai, que era rigorosíssimo com a educação dos filhos e não admitia as brincadeiras dos filhos-rapazes ultrapassassem o admissível, pensou daquela "cena" perigosíssima que lhe podia ter roubado um filho. Este meu irmão só não levou uma sova das antigas com "a menina de cinco olhos" (e bem que o nosso Pai lhe deu uso frequente mas claro que só aos rapazes, as meninas eram todas sossegadinhas, como o eram então no geral - e será que elas o são hoje em dia?...) porque foi parar ao Hospital e por lá ficou alguns dias.
Devo acrescentar que este acidente se passou em plena Av. Alm. Reis, muito próximo do Areeiro, onde na altura morávamos, portanto numa zona relativamente calma de Lisboa quanto ao trânsito automóvel. Só penso no que lhe podia ter acontecido se o atropelamento tivesse acontecido numa zona de Lisboa com muito mais trânsito onde ele poderia ter sido apanhado por um automóvel ou um autocarro e neste caso teria tido morte certa, pois estes também circulavam então por aquela Avenida.
Maria
Alerto de que a história do trambolhão é dum leitor.
...
Não quere dizer que eu não tenha caído nunca a saltar dos autocarros — devo ter caído, sim, até porque andei apendura — mas não tenho já ideia... Hei-de puxar da memória.
Cumpts.
De jcb a 26 de Junho de 2017
Cara Maria
De facto o autor da historieta fui eu. Lamentando o sucedido ao seu irmão, folgo em saber que tinha colega de penduras lá para o Areeiro. Naquele tempo eu fazia a linha do eléctrico 28 - Estrela/Graça. Como era tudo a descer ou subir o problema das quedas era menos catastrófico, porque a velocidade era lenta ou muito lenta. Tempos inenarráveis de tropelia e "canalhice". Hoje é mais teclados e logo mais problemas de visão, costas tortas e paranóias obsessivas. Na minha meninice arriscávamos, mas era só liberdade, inconsciência e vento na cara.Quanto ao Pai, tive mais sorte, pela frente dizia que eu era louco (e lá vinham os sermões) e virava costas com um sorriso malandro na cara.
De Joe Bernard a 26 de Junho de 2017
O meu 1º e único trambolhão com o carro em andamento, foi no largo da Estrela, a sair de um eléctrico, à "pi-pi". Não imaginava que existia a inércia de movimento e... lá fui eu!
Tinha os meus 7 ou 8 anos.
Agora me recorda que tive uma assim. Aprende-se logo a lei da inércia.
Cumpts.
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