Eléctricos, táxi e pimenteiro, S. Pedro de Alcântara, 1972.
Jean-Henri Manara, in Portugal (Flickr).
* * *
Ontem disseram-me de o eléctrico 24 estar de volta aos trilhos. Parece que sim... Mais ou menos... O 24 já circula entre o [Largo de] Camões e Campolide leio numa notícia. É daquelas notícias de banha da cobra. O carro eléctrico anda por lá, sim, em... manobras. Carreira regular, ainda se não sabe quando. Recuperação da carreira para serviço do alfacinha?... Duvido. Cheira-me a coisa para inglês ver (touriste oblige) e publicidade grosseira a uma vereação que governa Lisboa para o estrangeiro mais que para o lisboeta. Ignorante, ainda por cima. Ou não fosse o presidente da Câmara tripeiro. Do eléctrico 24 sabem nada: a carreira ia do Carmo à Rua da Alfândega; passava na Trindade, nunca no Camões; jamais desceu ao Cais do Sodré: era uma linha circular quase perfeita da Baixa à Baixa porque se completava no Carmo com o elevador de Santa Justa. Da mesma maneira, composto com o ascensor, o eléctrico 5 que se vê na imagem era uma ligação da Baixa à periferia de Benfica pelo trajecto alternativo de Campolide, S. Sebastião, Palhavã e Sete Rios por fugir ao congestionamento da Avenida. — Alguém me diga cá se o elevador de Santa Justa se conjuga hoje em dia dalguma maneira com a rede de transportes colectivos de Lisboa; do preço do bilhete ao estatuto de miradouro que define o elevador como marco turístico está bom de ver...
Ora esta espécie de eléctrico 24, agora, é mais disso mesmo. Os pergaminhos do eléctrico do Carmo que lhe colam são cuspo de propaganda de chicos-espertos para enganar gerações de ignorantes e inocentes excursionistas. Honesto seria pensar uma rede de eléctricos capaz para a cidade e arredores e polvilhá-la de pitorescos de postal ilustrado onde se justificasse.
Agora isto, este 24 anunciado, mais não é que um desses truques publicitários, com trajecto inventado nas ruínas da antiga rede de eléctricos da Carris. E se o lá conseguiram pôr agora em manobras foi porque os trilhos foram tão bem assentes no passado que após décadas de abandono ainda se aguentam com tal serviço.
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