Nisto morreu o rei de Espanha, Vitiza, deixando alguns filhos, entre eles Opas e Sisberto, que o povo não quis aceitar. E alterando o país, tiveram por bem eleger e confiar o mando a um infiel chamado Rodrigo, homem resoluto e animoso que não era de estirpe real, mas chefe e cavaleiro.
Os grandes senhores de Espanha costumavam mandar os seus filhos, varões e fêmeas, para o palácio real de Toledo, na altura fortaleza principal da Espanha e capital do reino, a fim de que estivessem às ordens do monarca a quem só eles serviam. Ali se educavam até que, chegados à idade núbil, o rei os casava, provendo-os para isso de tudo o necessário.
Quando Rodrigo foi proclamado rei, prendeu-se da filha de Julião e forçou-a. Escreveram ao pai o sucedido e o infiel guardou o seu rancor e exclamou.
-- Pela religião do Messias, que hei-de transtornar o seu reino e hei-de abrir uma cova debaixo dos seu pés.
Mandou em seguida a sua submissão a Muça: conferenciou com ele, entregou-lhe as cidades colocadas sob o seu mando, mediante um pacto que concertou com vantagens e condições seguras para si e seus companheiros. E tendo-lhe feito uma descrição de Espanha estimulou-o a que procurasse a sua conquista. Acontecia isto no fim do ano 90 (20-XI-708 a 8-XI-709).
Muça escreveu a Alualide (califa de Damasco, chefe supremo do Islão) a nova destas conquistas e do projecto apresentado por Julião, ao que o califa respondeu dizendo:
-- Manda a esse país alguns destacamentos que o explorem e tomem informes exactos. E não exponhas os muçulmanos a um mar de ondas revoltas.
Muça respondeu-lhe que não era um mar, mas um estreito que permitia ao observador descobrir de uma parte a forma que o lado oposto revestia. Mas Alualide replicou-lhe:
-- Ainda que seja assim, informa-te por exploradores. Enviou, pois, um dos seus libertos, chamado Tárife e de cognome Abú Zara, com 400 homens, entre eles 100 de cavalaria, o qual passou em quatro barcos e arribou a uma ilha, chamada ilha de Andaluzia, que era arsenal (dos cristãos) e ponto donde largavam as suas embarcações. Por ter desembarcado ali tomou o nome de ilha de Tárife (Tarifa). Esperou que se lhe juntassem todos os seus companheiros e depois dirigiu-se em algara contra Algeciras. Fez muitos cativos como nem Muça nem os seus companheiros tinham visto semelhante; recolheu grande roubo e regressou são e salvo. Isto foi no Ramadã (sic) do ano de 91 (Julho de 710).
Quando isto viram (os muçulmanos) desejaram...Ant.º Borges Coelho, Portugal na Espanha Árabe, 2.ª ed., vol. 2, Caminho, Lisboa, 1989, pp. 43-44.
(Imagem em ...)
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