O confrade A.C. que nutre paixão por Lisboa refere hoje a morosa expropriação do quartel do Valle de Pereiro e o seu loteamento até dar no que hoje sabemos serem as ruas Braamcamp e Castilho. Estas coisas tendem a levar o seu tempo. E ao depois, ante como ficam, fica-nos a memória tão curta que não alcança nada de como foram. [Faltou dizer: vale-nos quem haja paixão por Lisboa; antiga, no caso.]
A propósito dos quarteirões a poente da Rotunda e do que lá houve, cuido que a planta mais em baixo seja ilustrativa q.b. Duas grandes propriedades vizinhas dominavam a área cujos chãos são circunscritos hoje pelas Ruas Braamcamp, Rodrigo da Fonseca, Joaquim António de Aguiar e a Rotunda: o Pateo do Geraldes e o abarracamento militar do Valle Pereiro. O primeiro senhoreava a païsagem como casarão fidalgo que era. Não sei da sua origem e, segundo diz a planta, ficou à Snr.ª Condessa de Foz de Arouce por herança do Marquês da Graciosa. Tenho notícia, porém, que em certo tempo foi aquele Pateo do Geraldes habitado pelo Duque de Saldanha. Como general que era, cómodo lhe seria haver a tropa tão à mão, isso me parece.
Segundo consta no archivo municipal a expropriação do Pateo do Geraldes deu-se em Setembro de 1914, com escrituras de venda de terrenos em 1922. O desfecho de todo este negócio sucedeu todavia só em Abril de 1933 com o pagamento pela C.M.L. de (remanescentes) 135 contos de réis aos herdeiros da Snr.ª Condessa de Foz de Arouce. — Como dizia, estas coisas tendem a demorar o seu tempo.
Deste pateo, como mirante para a cidade por 1880 quando começaram a rasgar a Avenida, cuido ser uma panorâmica em várias partes existente na B.N. dando-nos a ver um scenário que gira da Cruz do Taboado ao Monte Olivete. Com tempo, conto de o publicar com o que souber anotar-lhe.
Photographia: Pateo do Geraldes, Lisboa, s.d. Autor n/ id., in archivo photographico da C.M.L.
Planta. Propriedade da Snr.ª Condessa de Foz de Arouce, D.ª Maria Joana de Bourbon Mello Geraldes (herdeira do marquez da Graciosa) que constitue a parcella nº 18 do projecto da 1.ª Zona das Picôas, denominada Pateo do Geraldes e cuja expropriação por utilidade publica foi declarada pela Camara Municipal de Lisbôa, em sessão de 3 de Abril de 1914. Alberto Pedro da Silva e Henrique Baltar da Silva, in archivo da C.M.L., 1914.
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