
À dúvida que pôs o sr. Valdemar Silva, de ter sido o Diogo Alves preso numa qualquer taberna do Campo Grande ou do Campo Pequeno, forneceu o benévolo leitor D.H. algumas remissões para livros que achou e que falam do facínora.
Agradecendo as remissões e empreendendo nelas, sobra que a primeira remete para O Ecco: jornal critico, litterario e politico, n.ºs 421-488. No n.º 423, de 12 de Novembro de 1839, pode ler-se a pp. 7 164:
Continua a dar-se caça aos Ladrões ; no dia 28 foi preso em Arroios o Sr. Diogo Alves, Gallego, que tinha sido o Hoffman dos Cossacos rapinantes que assassinárão a familia Andrade [i.é, Mourão] ; este immortal Cidadão tinha tambem roubado ha pouco tempo a D. Carlos de Mascarenhas juncto a Campolide, além d'outras proezas mais.
Parecem os n.ºs seguintes dar notícia pormenorizada do que foi dito no julgamento.
A segunda remete para a entrada «Alves (Diogo)» do Diccionario Popular de Pinheiro Chagas. Conta a história de Diogo Alves, preso em Arroios, numas casas que alugara por 67$200 rs. ao Conde de Mesquitela para se esconder com a quadrilha. Não bate certa com a anterior, porém, a data de sua captura: 8 de Novembro.
A última é uma remissão para A. Victor Machado,Do crime e da Loucura, Lisboa, Henrique Torres, [1933], com um capítulo sobre o Diogo Alves, onde se diz que foi preso no... Campo Grande, sem referir a data da captura. Mostra todavia uma imagem (v. supra) donde era locanda da Parreirinha, a mulher de má catadura que segundo a história (e aqui todos estão de acordo) levou o Diogo Alves ao crime e à perdição. Era nada mais nada menos que no antigo convento e igreja de Santo António da Convalescença, a S. Domingos de Benfica, na Estr. de Benfica. A um passinho do aqueduto.

Antigo convento e igreja de Santo António da Convalescença, Cruz da Pedra (S. Domingos de Benfica), 194...
Eduardo Portugal, in archivo photographico da C.M.L.
Em resposta ao sr. Valdemar Silva, creio, no fim deste arrazoado, que o facínora Diogo Alves, que despenhava as vítimas do cimo do arco grande do aqueducto das Agoas Livres depois de as assaltar, foi mesmo caçado em Arroios, no palácio dos Mesquitelas.

Fábrica de Lanifícios de Arroios onde foram as casas dos condes de Mesquitela, Lisboa, [c. 1901].
Fotografia in archivo photographico da C.M.L.
De Valdemar Silva a 12 de Novembro de 2017
Julgo ter lido, em ???, que o bandido foi preso prós lados do Campo Grande e a restante quadrilha presa em Arroios, local este em que tinham enterrado várias pratas do roubo de Campolide.
Valdemar Silva
É ver onde. Para tirarmos o caso a limpo.
Até lá, vale a hypothese.
De DH a 12 de Novembro de 2017
Caros Bic e Valdemar Silva
Na pagina 128 do livro abaixo temos
"Diogo Alves que não se encontrava em casa quando a policia o procurou fora preso no Campo Grande por um oficial do Governo Civil"
https://archive.org/stream/DoCrimeEDaLoucuraMachado/Do%20crime%20e%20da%20loucura%20Machado#page/n63/mode/2up/search/Diogo+Alves+
cumprimentos
De dh a 13 de Novembro de 2017
peço desculpa
que grande cavalgadura!, li o seu texto numa diagonal muito enviezada...
em compensação deixo um auto sobre o crime em casa do médico, do arquivo da torre do tombo
http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?id=6041721
a ver...
cmpts
De dh a 13 de Novembro de 2017
O processo da torre do tombo tem 1729 paginas e a primeira parte começa a ser redigida logo em setembro de 1739, a seguir à matança em casa do médico. Ha uma outra coisa que me intriga, o Bic cita o jornal de novembro de 1839 a dizer que foi preso no dia 28 em Arroios... imagino 28 de outubro de 1839. Ora outras fontes (mas nao da época) dizem que foi preso em 1840...
http://lisboasos.blogspot.pt/2009/12/quinta-da-rabicha.html
http://www.historiadeportugal.info/o-ultimo-condenado-a-morte-em-portugal/
(o segundo é ligeiramente ambiguo, diz "preso e condenado à morte em 1840" (e foi preso em 1840?) )
esta outra diz preso em 1839 julgado em 40 e enforcado em 41...
http://www.esferadocaos.pt/pt/docs/EDC_PDF_CRIMES_DIOGO_ALVES_06015.pdf
bom, vou ler o processo...
De dh a 13 de Novembro de 2017
O Tinop na "Lisboa de outros tempos: os cafés" pag.138 tem a seguinte frase
"Diogo Alves morou na casa que faz esquina da Rua de Arroios para o antigo Caracol da Penha, e que vai ser demolida (1898) para alargamento da rua"
Ora o texto "Do crime e da loucura" diz, na tal pagina 128, que ja tenho mencionado, que Diogo Alves nao se encontrava em casa e foi preso ao Campo Grande.
A informaçao coincide assim, parcialmente, com o que aparece no "ecco"
"Hoje foi encontrado em Arroios num quintal pertencenteu ao ladrao assassino Diogo Alves(...)"
https://books.google.pt/books?id=WSwuAAAAYAAJ&pg=PA7177&dq=diogo+alves+arroios&hl=fr&sa=X&ved=0ahUKEwjtgKGgsbrXAhUGzxQKHemGB3IQ6AEILjAB#v=onepage&q=diogo%20alves%20arroios&f=false
A minha impressao é que terao procurado em Arroios mas prendido no Campo Grande o que tera levado ao engano do "ecco".
Talvez o processo esclareça o mistério, mas tenho que convir que o numero de paginas não é muito apelativo para buscas...
De dh a 13 de Novembro de 2017
"Diogo Alves ou Diogo José Augusto deu entrada no Limoeiro no dia 29 de Outubro de 1839"
http://www.cej.mj.pt/cej/recursos/ebooks/outros/cadeia_do_limoeiro_exposicao_2013.pdf
tem também o nome de dois arquivos onde se podera encontrar mais informaçao
"Arquivo Histórico da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais"
"Centro de Documentacao e Arquivo Geral da Policia Judiciarias"
O processo será a melhor fonte, ou o quebra-tolas não passará de conjecturas.
Cumpts.
A casa que fazia esquina da Rua de Arroios para o Caracol da Penha era a do nicho da imagem e deu nome ao lugar. Júlio de Castilho falou dela. Era diante das casas dos condes de Mesquitela.
Curioso.
De dh a 13 de Novembro de 2017
Aqui se explica que o terreno pertencia ao Conde de Mesquitela e foi alugado a seguir ao crime da rua das flores
(Diccionario popular de Manuel Pinheiro Chagas)
https://books.google.pt/books?id=tLhCAAAAYAAJ&pg=RA1-PA166&dq=diogo+alves+arroios+mesquitela&hl=fr&sa=X&ved=0ahUKEwigxoO7n7zXAhWIOBoKHdCABGYQ6AEIJzAA#v=onepage&q=diogo%20alves%20arroios%20mesquitella&f=false
Sei que as casas dos Mesquitelas foram no lado ímpar da Rua Direita de Arroios (actuais n.ºs 91 e ss., mais ou menos).
De ser dos Mesquitelas também aquela casa mesquinha que tinha o nicho (Rua Marques da Silva, 99) e torneja para a a dita Rua de Arroios não sei. Uma e outras eram em lados opostos da rua.
É tudo muito vago, quando não, contraditório.
Cumpts.
De Seve a 21 de Março de 2018
Creio que este antigo convento e igreja de Santo António da Convalescença, Cruz da Pedra (S. Domingos de Benfica) deu lugar a uma escola que eu frequentei (Pedro de Santarém), que não sei se ainda lecciona; estarei correcto?
A escola de Pedro de Santarém é quase em Benfica. Este convento é em Sete Rios. Se a escola funcionou nele antes de ir para Benfica não sei.
Cumpts.
De [s.n.] a 3 de Junho de 2021
Confirma-se, foi aqui a escola preparatória Pedro de Santarém, também a frequentei nos inícios de 70.
Cumprimentos
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