Torno com este post scriptum da inauguração da pista de jactos do aeroporto de Gago Coutinho em Lourenço Marques por duas razões.
Uma foi que, consultado no Museu da TAP o diário de navegação do avião que vedes nas imagens, pôde ser identificada toda a tripulação retratada embora com dúvida sobre quem é quem num caso, a saber (da esquerda): Rego, Alice Rosa (ou Freixo), Morão, Freixo (ou Alice Rosa), Clemente, Odete Rei, Dâmaso (Téc. Voo), Pedreira (Nav.), Gouveia (Co-Pil.), Amado (Comandante).
Tripulação do voo que inaugurou a pista de aviões de jacto no aeroporto de Gago Coutinho, Lourenço Marques, 1/6/1970.
A outra, respeita à altura da saia das assistentes de bordo, acima do joelho, em pleno fassismo. Um caso censurável de moda progressista que escapou miseràvelmente à censura, e logo na TAP!… A indigente inteligente Fabíola Carlettis, consultora de Moda e Lifestyle do Observador, explica muito bem como era:
« […] as mini saias e decotes eram censurados. Os looks das portuguesas antes da revolução eram então os vestidos cintados e abaixo do joelho, os saltos muito baixos, a gola alta, padrões florais e xadrez, mas muito discretos. Basicamente o que fosse permitido pelo regime de Salazar.»
Fabíola Carlettis, «A moda portuguesa mudou com o 25 de Abril. Sabe o que se vestia antes?», MAGG/Observador, 24/04/2018 (o itálico no barbarismo é meu, o normando a ferrar o regime é do original).
Estas fardas da TAP, de Louis Féraud (um nome à atenção da consultorinha de moda e lyfestyle Fabíola), foram apresentadas no primeiro trimestre de 1970, de acordo com o noticiado, mas nem assim a censura as viu. Já nas anteriores, apresentadas em 1964, correram quási toda a década de 60 com os censores da moda dos joelhos à mostra dormindo no posto. — Não era desgraçada a censura no Estado Novo?!…
Última nota: o avião nas imagens aqui é o CS-TBD em 1970. Antes, em 1968, depois de recebido na T.A.P., fôra baptizado «Lourenço Marques» num voo sobre esta cidade do Índico, quando a pista do Aeroporto Gago Coutinho ali ainda não estava preparada para receber aviões de jacto.
A sua cabina de pilotagem está hoje preservada como original no Museu do Ar, em Sintra.
Fotografias:
1.ª aterragem na nova pista para aviões a jacto do aeroporto de Lourenço Marques e tripulação do voo (Moçambique, 1/6/1970).
Fotógrafo Cartaxo.
Esp. C.te Amado da Cunha; col. do Sr. Ant.º Fernandes.
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