É inodoro, indolor…
Havia uma anedota dum alentejano no Aquário de Vasco da Gama (quando havia só aquários, os oceanários eram ainda modernidade não engendrada pelo chic do progresso, e o Vasco da Gama não tinha ponte nem torre para os lados de Beirolas).
No Aquário de Vasco da Gama um alentejano viu um japonês ante um aquário. Quando o japonês olhava para cima, os peixes nadavam para cima; quando o japonês olhava para baixo, os peixes nadavam para a baixo; o japonês olhava na diagonal, os peixes nadavam na diagonal…
Isto admirou o alentejano.
— Compadre! Vossmecê olha para cá e os pêxes chegam-se. Vossemecê olha para alẽm e os pêxes vão. Como faz vossemecê tal?
Respondeu o japonês:
— É o podêl duma mente supeliôl sôble uma mente infeliôl.
Daí a um pedaço estava o alentejano ao olhar para o aquário abrindo e fechando a boca como um peixe.
Neste além e aquém Tejo perdido de si à beira-mar do alheio, os títulos do que se há-de dizer e anunciar já nem saem das tolas em vigor sem ser em amaricano. Não podem. É um imperativo. Vê-se nas televisões, portanto é e não pode deixar de ser, lei natural. Não sendo em amaricano, bem entendido, nem nunca haveria de sair das tolas em vigor. Logo, não vigoraria, já por falta de certificação e reconhecimento, já por nulidade a qualquer entendimento, por conseguinte.
E as tolas em vigor são tão vigorosas de seu natural que, naturalmente, dão para abafar toda a tola menos vigorosa; assim como os peixes ao alentejano. Daí não ser ridículo que o imperativo da segunda pessoa do plural do verbo rir se sujeite à limitada linguagem de quem nunca fabricou palavra para distinguir a condução automóvel do mero andar de burro. Vulgar burricada.
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