Hei-de rever uma de S. Sebastião, pôr-lhe legenda mais cuidada, como alguem suggeriu, e commentar mais a preceito. Mas agora deixo cá est' outra que mostra aquelles lados dêsde as avenidas n' um dia de nevão: 26 de Dezembro de 26. No archivo photographico da Camara acha-se invertida. Publico-a direita. Em segundos planos avistam-se sem dúvida o palacio Vill' Alva do capitalista José Maria Eugenio d' Almeida, o palacete Mendonça, a Penitenciaria e o Monsancto. O photographo — o architecto Pardal Monteiro — noto que bateu a chapa do alto d'um predio de rendimento, em rua que não procurei identificar. Não cuido seja descoberta difficil ao benevolo leitor apreciador d' estas curiosidades olisipographicas.

Nevão em Lisboa; vista sobre S. Sebastião desde as avenidas, Lisboa, 1926.
Porfirio Pardal Monteiro, in archivo photographico da C.M.L., PAM000060.
Ora cuido que seja isso mesmo. A moradia de ante deu portanto lugar a um prédio em estylo Português Suave que alberga hoje um concessionário da Aston Martin.
Muito obrigado. 
Não desmerecendo a arquitectura do prédio que por lá se encontra agora, confesso que gostava mais da antiga moradia.
De resto, a única dificuldade de maior que a fotografia me ofereceu, decorreu precisamente dessa mesma moradia: inicialmente, pareceu-me tratar-se da actual Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves (http://www.patrimoniocultural.pt/pt/museus-e-monumentos/rede-portuguesa/m/casa-museu-dr-anastacio-goncalves/); porém, considerando a localização desta última, nunca a sua perspectiva poderia ser a que se vê na fotografia. Sem prejuízo, pelo estilo idêntico de ambas as casas, suspeito que as mesmas tenham arquitecto comum, que será Norte Júnior.
É bem possível que pudesse ser de Norte Junior. A moradia também me pareceu a casa de Malhoa (museu do Dr. Annastacio Gonçalves). Identificando ainda assim o palacio Vill' Alva, o palacete Mendonça e a penitenciaria apercebei-me de a torre do Collegio de Campollide e o forte do Monsancto estarem ás avessas. Só faltava achar o poncto das avenidas onde pousara o photographo. Confesso que conjecturava alguma mais distante: a Conde de Valbom, Marquês de Thomar...
Cumpts.
Ora aqui está um bom quebra-tolas. Haver-se-hia de vasculhhar o archivo á cata do que lá haja sôbre a moradia.
Agora vejo que ha uma confusao aqui da Filippe Folque com a Luiz Bivar. O poncto assignalado no mapa é para a Luiz Bivar e creio que é esta a posição correcta.
Cumpts.
Caro Bic
Não houve confusão: a minha intenção era mesmo nomear o gaveto da Filipe Folque com a António Enes; porém, por falta de jeito, não consegui aproximar mais a marca do mapa para o ponto que pretendia, isto é, o tal gaveto...
A trama adensa-se.
Tomemos os prédios á esquerda pela Latino Coelho 85; o casarão de trás no quarteirão adjacente entre cá e o palácio Vill´ Alva é um que resite na Antonio Candido — claro que nos fica a faltar o trôço final da Pinheiro Chagas (hei-de ver quando foi concluida; sei que em 1910 nem a Pinheiro Chagas nem a Antonio Enes estavam completas)...
Bom! Com estas referências, o seu ponto assignalado quase na Luiz Bivar é mais certo que um quarteirão antes e a Filipe Folque a mais de permeio.
Mais simples será talvez pôr uma régua sobre um mappa cruzando as frentes sul do palacete Mendonça e do palácio Vill' Alva, passando pelo casarão da Antonio Candido, e ver onde nos guia sobre a Antonio Enes.
Cumpts.
Resiste na António Candido, digo.
Caro Bic
Estive a ponderar e a reponderar, parecendo-me acertado o seu juízo quanto à localização em causa. A este respeito, não sei se já é possível ver o Google Maps a três dimensões, pelo menos no que a Lisboa respeita: facilitar-nos-ia, e de que maneira, esta tarefa!
Caro Bic
Ainda não tinha visto o mapa do Bing: oferece, de facto, outras possibilidades!
Sem prejuízo, parece-me mesmo que o seu palpite quanto à localização do fotógrafo continua a ser o mais correcto.
De Luís Bonifácio a 11 de Março de 2016
A foto foi tirada na António Enes, perto da esquina com a Luís Bívar, porque a rua seguinte não possui separador central, devendo ser a António Cândido, ou a que lá existia anteriormente, como bem disse o BIC.
Creio que o photographo aproveitou a vista da janella do saguão da mansarda da Antonio Enes, 18 e bateu a chapa sobre o que se avistava de lá. Este n.º 18 é contiguo à embaixada de Israel e está de pé; o n.º 20, ou não estaria construido ou seria moradia, pelo que não cortou a vista; o n.º 22, cuja empena se vê em primeiro plano, tambem resiste e é o frontão que lhe remata a platibanda que nos parece resolver o quebra-tolas.
Juncto imagem aponta o frontão na fachada do n.º 22.
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