Se dou comigo a pensar no rumo de certas coisas acabo a cismar...
Do infame acordo ortográfico tenho noção de que se 99% das pessoas o rejeitarem nada conseguem ante o poder de as organizações onde trabalham ou com que lidam, o imporem. E no entanto, não são as organizações somas de pessoas?
Que força falseia os dados e produz resultado adverso ao querer da gente?
Transpondo para a sagrada democracia é o mesmo: cada cidadão exprime um voto; o poder madatado por si desquita-se da soma dos cidadãos e manda como lhe der. E a mesma força adversa às gentes torna quatro anos depois com a mesma tourada...
Dantes os indivíduos faziam o corpo duma nação. Agora a sagrada democracia proibe o Estado corporativo e pare cidadãos, eleitores, livres, carregadinhos como burros de direitos: de agremiação, de manifestação, de opinião, de petição... Que vão sendo toureados.
Na segunda-feira pedi que me ligassem a luz numa casa fechada. Remeteram-me um contrato redigido com os pés (duas ocorrências de «contato» por «contacto», quatro de «fato» por «facto», um mês com maiúscula e duas ocorrências de «electricidade» -- justamente, com «c» -- no meio dum festival de mutilações lexicais do Português. Na terça pedi exemplar sério do contrato, redigido sem a cacografia reinante. Ontem acusaram-me a «recepção» do pedido em português: -- nem tudo está perdido -- pensei. Santa ingenuidade... Hoje telefonou-me um cavalheiro, certamente engravatado para me dizer de fato «não senhor!»; na sua companhia da luz a electricidade agora é assim e assim mesmo; quem quer compra e cumpre, quem não quer pode comprar noutro lado. -- Poderoso vendedor que se está para a freguesia como o outro estava para o segredo de justiça...
Entretanto esta manhã ligaram-me a electricidade mesmo sem o contrato assinado. Pagarei a que gastar e, do destrambelho, Deus dirá...
Na segunda pedi a outra gente, parelha desta, que me ligasse a água na mesma morada. Em ambos pedidos indiquei um certo n.º de telefone para agendarem o fornecimento. Hoje ligaram já de duas companhias de... telefones, impingindo telefonemas mais TV por cabo e mais pechisbeque que lhes sobeja no armazém. Como lhes terá cheirado a morada duma casa fechada para onde se pediu novamente água e luz? Quem lhes diabo de havia de ter segredado justamente aquele n.º de telefone?...
Tourada mai' sinistra!...
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