Quinta-feira, 20 de Novembro de 2014

Tourada de vida

 Se dou comigo a pensar no rumo de certas coisas acabo a cismar...
 Do infame acordo ortográfico tenho noção de que se 99% das pessoas o rejeitarem nada conseguem ante o poder de as organizações onde trabalham ou com que lidam, o imporem. E no entanto, não são as organizações somas de pessoas?
 Que força falseia os dados e produz resultado adverso ao querer da gente?Write what told

 Transpondo para a sagrada democracia é o mesmo: cada cidadão exprime um voto; o poder madatado por si desquita-se da soma dos cidadãos e manda como lhe der. E a mesma força adversa às gentes torna quatro anos depois com a mesma tourada...
 Dantes os indivíduos faziam o corpo duma nação. Agora a sagrada democracia proibe o Estado corporativo e pare cidadãos, eleitores, livres, carregadinhos como burros de direitos: de agremiação, de manifestação, de opinião, de petição... Que vão sendo toureados.

 Na segunda-feira pedi que me ligassem a luz numa casa fechada. Remeteram-me um contrato redigido com os pés (duas ocorrências de «contato» por «contacto», quatro de «fato» por «facto», um mês com maiúscula e duas ocorrências de «electricidade» -- justamente, com «c» -- no meio dum festival de mutilações lexicais do Português. Na terça pedi exemplar sério do contrato, redigido sem a cacografia reinante. Ontem acusaram-me a «recepção» do pedido em português: -- nem tudo está perdido -- pensei. Santa ingenuidade... Hoje telefonou-me um cavalheiro, certamente engravatado para me dizer de fato «não senhor!»; na sua companhia da luz a electricidade agora é assim e assim mesmo; quem quer compra e cumpre, quem não quer pode comprar noutro lado. -- Poderoso vendedor que se está para a freguesia como o outro estava para o segredo de justiça...
 Entretanto esta manhã ligaram-me a electricidade mesmo sem o contrato assinado. Pagarei a que gastar e, do destrambelho, Deus dirá...
 Na segunda pedi a outra gente, parelha desta, que me ligasse a água na mesma morada. Em ambos pedidos indiquei um certo n.º de telefone para agendarem o fornecimento. Hoje ligaram já de duas companhias de... telefones, impingindo telefonemas mais TV por cabo e mais pechisbeque que lhes sobeja no armazém. Como lhes terá cheirado a morada duma casa fechada para onde se pediu novamente água e luz? Quem lhes diabo de havia de ter segredado justamente aquele n.º de telefone?...
 Tourada mai' sinistra!...

Escrito com Bic Laranja às 21:59
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9 comentários:
De Afonso Loureiro a 21 de Novembro de 2014
Eu também aguardo com ansiedade (e sentado, obviamente) que me devolvam o contrato da electricidade em Português. Já lá vão dois anos. O primeiro que me mandaram, diziam que ma vendiam mas sem os devidos cc. São tão solícitos a abastardar a já má redacção.

Como tenho um certo receio de que os disjuntores lá de casa só trabalhem com electricidade e não com o que me dizem agora vender, benzo-me de cada vez que ligo uma luz.

É como as facturas da água que têm agora um campo para leitura com os ouvidos...
De Inspector Jaap a 21 de Novembro de 2014
- «…um campo para leitura com os ouvidos... »
Caro Afonso, mas acha mesmo que essas alimárias têm a noção do prefixo que desataram a usar em vez de «optikós»? Então é uma boa alma…
Mas que digo eu! Para quem vê com os pés, tudo é biologicamente possível, não acha?
Cumpts
De Bic Laranja a 22 de Novembro de 2014
Eheheh!
Isso e as linhas de distribuição serem duns e quem nos acaba a vender a electricidade serem outros; agora até ma metem no ramal do prédio, para minha casa um comerciante, para o meu vizinho do lado outro diferente. Como separam eles os quilovátios entre mim e o vizinho é um mistério.
Cumpts.
De Afonso Loureiro a 23 de Novembro de 2014
Os modernos liberalistas dizem que não é preciso produzir electricidade para a vender, basta dizer que se vende e passa-se de imediato para a lista de intermediários e comissionistas do monopólio. Pagam-na depois de receber, tal como os merceeiros da "grande distribuição". Chega para todos.
De Bic Laranja a 24 de Novembro de 2014
Salvo alguma cegonha...
Cumpts.
De Inspector Jaap a 21 de Novembro de 2014
Para que se não perca a Fé: aqui atrasado, fui prestar declarações à P.J . a propósito dum assalto; o agente que me atendeu, de resto muito gentil e educado, solicitou-me que lesse e assinasse as minhas declarações, entretanto reduzidas a escrito; quando reparei na maneira como o documento estava redigido, disse-lhe sem acinte, mas firmemente que só assinaria o documento se este estivesse escrito em Português, e esperei pela reacção, já algo alterado pelo que se poderia seguir; foi, pois, com surpresa que fui presenteado com um sorriso cúmplice e um:
- Com toda a certeza; espere só o tempo que me vai levar a corrigir tudo; não quer ajudar-me dando-me conta de todos os erros?
Acedi de imediato ao seu pedido e 5 m depois estava de saída não sem antes ter recebido um caloroso cumprimento do agente que me disse à boca pequena:
- Se fôssemos todos assim, isto se calhar já tinha ido à vida.
Achei piada à 1ª pessoa do plural da conjugação do verbo ser.
Cumpts

De Bic Laranja a 22 de Novembro de 2014
O problema são certos testas de ferro em postos chave.
Cumpts.
De drt a 25 de Novembro de 2014
A imposição do acordês através de uma ilegal resolução de conselho de ministros presidida pelo ora arguido Sócrates tem todo o ar de ser uma questão grave de corrupção e como tal deve ser tratada.
Não esquecer que Cavaco fala da "pressão no Brasil". Pela mesma altura deram-se várias negociatas com os brasileiros.
De Bic Laranja a 25 de Novembro de 2014
Houve algo no arregimentar de vontades de dois ínfimos estados africanos para somar os três necessários ao 2.º Protocolo e daí empurrar Portugal. Ninguém me convence do contrário.
Se com ele conseguiram os caipiras «baixar o preço» dos portugueses para os levar à derradeira consequência, não me admiraria.
Cumpts.

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